sábado, 10 de julho de 2010

Campeões do Mundo?


Este Domingo, a Holanda tem a oportunidade de se tornar Campeã do Mundo. Após ter perdido as finais de 1974 e 1978, esta é a terceira hipótese que os holandeses têm na sua história para alcançar a glória. Nos seis jogos já disputados e nos quais alcançou a vitória, a Holanda não impressionou, sem ser na segunda parte contra o Brasil. Amanhã, 90 minutos separam a Holanda da sua primeira Taça de Campeão do Mundo.

O jogador que tem de ser destacado nesta equipa holandesa é Wesley Sneijder. Não jogou tudo aquilo que sabe. Teve jogos em que o seu passe e remate não foram os melhores, mas tem 5 golos e assistências para golo, sendo assim um sério candidato à Bola de Ouro do Torneio. Se isso acontecesse, era algo para nos preocuparmos. Desde que a FIFA escolhe o melhor jogador do torneio antes da final da competição, o vencedor tem sempre uma final desastrada. Nas últimas três edições, a História encarregou-se de o demonstrar. Em 1998, Ronaldo foi o escolhido e a final contra a França está marcada pelas suas convulsões e pela pálida exibição no Stade de France. Em 2002, Oliver Kahn venceu a Bola de Ouro, mas comprometeu a equipa no primeiro golo do Brasil na final da competição. Em 2006, Zidane foi o escolhido e Materazzi foi a vítima de um prémio que depois teve de ser repensado.

Voltando à Holanda, vemos que De Jong e Van der Wiel estão de volta à equipa e irão ocupar os lugares no onze. Stekelenburg, Van der Wiel, Heitinga, Mathijsen, Van Bronckhorst; Van Bommel, De Jong; Robben, Sneijder, Kuijt; Van Persie. 4-2-3-1. A 3 dias da final, já era possível preencher os nomes da Selecção Holandesa, onde apenas uma grave lesão poderá levar Van Marwijk a mudar o seu onze. E é bom não se esperarem grandes alterações durante a partida. Van Marwijk não gosta dessas mudanças, mas mesmo com esta característica foi o último treinador holandês a vencer um troféu por uma equipa holandesa: a Taça UEFA, com o Feyenoord em 2002.

Sem dúvida que em Van Bommel e em De Jong estará uma parte do sucesso da Holanda. Estarão responsáveis por pararem as investidas de Xavi e Iniesta. Não há dúvida que os espanhóis têm mais potencial do que os holandeses. Do lado holandês, apenas Sneijder e Robben são capazes de criar desequilíbrios. Kuijt fez um bom torneio, mas não desequilibra e Van Persie, apesar de ter vindo a melhorar, não tem criado valor acrescentado à Selecção. A Espanha tem Iniesta, Villa, Xavi e Pedro que fez uma meia-final impressionante contra a Alemanha.

A Espanha cria mais oportunidades do que a Holanda, mas os holandeses precisam de poucas oportunidades para marcarem um golo. É óbvio que a Espanha terá mais posse de bola e rematará mais à baliza, mas se Sneijder e companhia foram eficazes chegando até aqui, nós temos esperança de que a vitória seja possível.

A Eredivisie provou que tem matéria-prima para este Torneio. Stekelenburg tem estado extraordinário, apesar do erro contra o Uruguai. Van der Wiel e Van Bronckhorst têm estado muito sólidos nas laterais. O lateral do Ajax irá provavelmente para um grande clube, com o Manchester United e Bayern Munique muito atentos. Van Bronckhorts vai-se despedir da Selecção amanhã, de preferência com uma grande alegria.

Todos os jogadores holandeses começaram na Eredivisie e muitos estrangeiros passaram por lá também. Pensemos em Keisuke Honda (que começou no VVV Venlo, para onde poderão ir até três portugueses esta época), Sérgio Romero (AZ), Luis Suaréz e Dennis Rommedahl (Ajax), Carlos Salcido e Francisco Rodriguéz (PSV). Independentemente do que possa acontecer, este será sempre um bom torneio para o futebol holandês e para o seu campeonato. Basta olhar para jogadores que começaram as suas carreiras na Holanda (Ronaldo, Romário, Ibrahimovic, entre outros) e os jovens talentos que pensam em mudar para clubes como Ajax, PSV, Feyenoord ou Twente.

Irá Sneijder marcar outra vez? Será o primeiro holandês a ganhar tudo (Campeonato, Taça, Liga dos Campeões e Campeonato do Mundo) na mesma época? Van Persie irá finalmente brilhar na África do Sul? Será que Van Bommel e De Jong conseguirão parar os seus adversários? Stekelenburg irá recuperar psicologicamente da meia-final contra o Uruguai? Ao fim de 32 anos, a Holanda está na Final do Mundial. Uma nação inteira sustém a respiração...

por Mark van Rijswijk

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Holanda x Brasil (antevisão)


Esta sexta-feira, Holanda e Brasil defrontam-se nos quartos-de-final do Campeonato do Mundo. Na Holanda, existe muita confiança, porque até agora os holandeses venceram todos os jogos sem dificuldade. Mas a equipa tarda em impressionar e o jogo de hoje é o verdadeiro teste com um sério candidato ao ceptro mundial.

A Holanda apenas concedeu dois golos na competição, e ambos de penalty. Até agora, a defesa não foi posta muito à prova e mesmo assim, Stekelenburg é o verdadeiro sucessor de Van der Saar na baliza holandesa. Até agora, aqui ninguém se lembrou do guarda-redes do Manchester United, porque Stekelenburg tem feito boas defesas e mantido a baliza inviolável.

A defesa ainda não foi propriamente testada. Van der Wiel esteve mal contra a Eslováquia como defesa-direito. Não tem subido tanto no terreno neste Campeonato do Mundo, já que essa é uma das suas principais armas. A grande questão é saber se ele conseguirá pressionar o lado esquerdo do Brasil. Heitinga, Mathijsene Van Bronckhorst têm cometido alguns erros, mas ainda não resultaram em golos. Mas se os holandeses concederem tanto espaço e oportunidades ao Brasil como concederam à Eslováquia, haverá sérios problemas.

O melhor jogador até agora tem sido Mark Van Bommel. Tem estado excelente, e nos jogos do grupo, foi o melhor jogador da equipa. Nigel de Jong não tem feito um torneio por aí além, o que deixa os holandeses descansados. Com a sua impetuosidade, De Jong pode apanhar um cartão vermelho numa altura crítica e assim, deixá-lo de fora do Campeonato. Mas com apenas um amarelo e poucas faltas, De Jong tem sabido controlar-se.

Wesley Sneijder não tem jogado muito, mas em todos os jogos, a sua presença nota-se. Já marcou por duas vezes e teve um papel decisivo em outros golos. Kuyt também tem jogado muito bem, mas nota-se pelo cansaço que está a chegar ao limite. Rafael Van der Vaart tem estado muito mal, assim como Van Persie. O seu potencial não está a ser aproveitado e a equipa ressente-se disso. Nos amigáveis antes do Mundial, Van Persie marcou em todos eles, mas agora tudo mudou. E a recente discussão com Bert Van Marwijk não o colocou em melhores lençóis. Tem sido a grande desilusão até agora.

Sobra Arjen Robben. Não jogou muito, mas fez o suficiente: assistência contra os Camarões e golo contra a Eslováquia. Não há dúvida de que Arjen Robben é o factor mais importante no jogo contra o Brasil. E se estiver em forma, melhor, pois pode fazer a diferença. É nele que recai a esperança holandesa.

A grande dúvida para amanhã é saber se Huntelaar irá ocupar o lugar de Van Persie ou se o avançado do Arsenal ainda se mantém como titular. Mas conhecendo Van Marwijk, ele não é adepto de muitas mudanças. Van Persie deverá mesmo ser titular e os mais fortes candidatos a entrar durante a partida serão Van der Vaart, Elia, Affelay e Huntelaar (a não ser que algum jogador se lesione). Van Marwijk não é um treinador aventureiro. A Holanda não ganha prémios por ter o futebol mais bonito deste Mundial. E só terá algum crédito se os holandeses o ganharem. Caso contrário, o Mundial será recordado como uma Holanda que derrotou quatro equipas medíocres, sem jogar bem. A Holanda não ganhou nada, nem sequer respeito pelo que tem jogado. Portanto, tem ainda tudo para ganhar...

Hoop Holand

por Mark van Rijswijk