domingo, 15 de agosto de 2010

Liverpool x Arsenal

Liverpool e Arsenal começaram este fim-de-semana a disputa da English Premier League e a jogar um contra o outro. Em Inglaterra, ainda não há limitações que façam o bem do espectáculo, como se argumenta em Portugal.
Talvez seja daí a principal diferença entre uma liga e outra.
Diferenças também as há entre as duas equipas, com o Arsenal a privilegiar a posse de bola e as fases de construção de ataque da equipa.
O Liverpool ficou mais exposto ao velho estilo inglês do "kick and rush" i
mplementado por Roy Hodgson.






Olhando para a disposição táctica das equipas, notamos que o Liverpool jogou num 4-4-1-1 a defender, mas que a atacar, os extremos eram os avançados Jovanovic (ex-Standard Liége) e Dirk Kuyt, que apoiavam David N'Gog. A "10" jogava Joe Cole, suportado por Gerrard e Mascherano no meio-campo. Na defesa, Glen J
ohnson na direita, Daniel Agger na esquerda, Carragher e Skrtel no centro. A baliza, como sempre, entregue a Pepe Reina.
Defendendo, o Liverpool deixava os supostos extremos baixarem no terreno, formando duas linhas de 4 homens (meio-campo e defesa), espreitando Cole o contra-ataque e deixando N'Gog na marcação zonal aos dois defesas-centrais.

O Arsenal jogou num esquema 4-2-3-1, com Almunia na baliza, Sagna e Clichy nas alas, Vermaelen e o estreante Koscielny (ex-Lorient). Diaby e Wilshere assumiam as despesas do centro do terreno, com Nasri no papel de organizador de jogo. Eboué jogava como médio-direito, Arshavin na esquerda e Chamakh (ex-Bordéus) era o avançado centro.

Olhando para o jogo, tivémos um Arsenal que quis sempre ter a bola para jogar e fez disso a sua melhor arma, não aproveitando contudo o espaço entre linhas. Na primeira parte, houve poucas oportunidades de golo e o jogo foi muito estudado. O principal motivo foi a expulsão de Cole, numa entrada junto à linha de fundo sobre Koscielny, reduzindo assim o Liverpool a 10 homens para a segunda parte.

E é na segunda parte que o jogo ganha outra dinâmica quando N'Gog marca o golo do Liverpool, aproveitando uma perda de bola, à entrada da área.
Wenger opta por uma dupla substituição, tirando Eboué e Wilshere e fazendo entrar Walcott e Rosicky, tentando dar uma maior profundidade ao futebol do Liverpool. Walcott colocou-se ao lado de Chamakh e Rosicky foi para extremo-direito, usando assim um 4-4-2 clássico.

O Arsenal continuava a carregar e o Liverpool a defender e a retirada de Jovanovic para entrar Maxi Rodriguéz queria provar isso mesmo. Entretanto, Wenger volta a mexer e coloca Van Persie no lugar de Diaby, dando o meio-campo do Arsenal a Rosicky e a Nasri. Sem nenhuma unidade defensiva do meio-campo para a frente, era notório o interesse do Arsenal em ganhar o jogo.

Este Arsenal até poderá ser conhecido pelo seu futebol simples, prático, rendilhado, de encher o olho, mas não chega para ganhar os jogos. Tem sido essa a tendência nos últimos anos da equipa de Wenger. Um futebol bonito, pensado, útil, mas sem o devido aproveitamento.

No desespero de defender, Hodgson lança Torres para o lugar de N'Gog e com uma saída temporária de Agger, coloca-o na esquerda a defender e a ser o primeiro homem a sair para o ataque, através de lançamentos longos. Mas o Arsenal, com Rosicky no meio, aproveitou melhor a circulação de bola e começou a criar oportunidades. Através de um erro de Reina, os "gunners" chegaram ao golo e assim conquistaram um ponto.

Jogo dividido, sem muito sal, mas condimentado pelo início de época e pela forma de jogar de ambas as equipas. Liverpool sempre na expectativa. Arsenal a querer impor o ritmo do jogo. Veremos o futuro....





segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Bordéus 2010/2011


O Bordéus apresentou-se ontem, na Liga Francesa, com uma derrota frente ao Montpelier, a equipa sensação da época transacta.
Um treinador novo (Jean Tigana), uns quantos reforços e algumas saídas e notamos que o Bordéus terá de mudar e muito o seu estilo de jogo, se quiser chegar aos patamares da equipa de Blanc que ganhou o campeonato em 2009.
As principais contratações para esta época foram as de Floyd Ayité, talentoso extremo que jogava no Nancy, Olimpa, guarda-redes do Angers e ainda Vujadin Savic, defesa do Estrela Vermelha. Registo ainda para o regresso do médio Ducasse, que estava emprestado ao Lorient.
A principal saída da equipa de Tigana tem a ver com a passagem de Marouane Chamakh para o Arsenal. O Bordéus perdeu uma referência na área e poderá ter de refazer o seu esquema táctico por isso mesmo. Placente foi outra das saídas, mas como já está na sua curva descendente, Trémoulinas será um substituto à altura, devido também à sua polivalência.



No encontro de ontem, Tigana optou por um 4-2-3-1, onde Gourcuff tem o papel principal de dinamizador de jogo, bem apoiado nas linhas por Gouffran e Wendel, que já passou pelo Nacional da Madeira.
Cavenaghi surgiu sozinho na frente de ataque. O argentino rende mais com um colega ao lado, e por isso é normal que ontem não tenha tido o rendimento esperado.
No meio-campo, Plasil e Sané funcionavam como tampões para uma defesa remendada com dois médios defensivos no lugar de centrais (Fernando e Diarra).
As laterais estavam entregues a Trémoulinas (na esquerda) e Savic (na direita).
Muitas preocupações para Tigana, no início de época.

O principal problema deste Bordéus é que joga muito para Gourcuff. É normal que as equipas procurem sempre o seu melhor jogador, mas cair em rotina torna o jogo demasiado previsível para quem está a defender e isso pesa no esquema ofensivo.

Uma maior complementaridade entre os 4 homens da frente é necessária, para que qualquer um deles possa resolver o problema. E para isso, é necessária uma dinâmica de equipa, que o Bordéus ontem demorou a mostrar.

Olhando para o plantel do Bordéus, vemos que há matéria suficiente para andar nos lugares da frente, sobretudo se olharmos para nomes como Saivet, Bellion, Ciani, Henrique e até Jussiê. São jogadores experientes e pertencem a um grupo que já foi vencedor.

Tigana terá trabalho, mas sem isso, não há campeões.


sábado, 7 de agosto de 2010

Supertaça - Resumo

Benfica e FC Porto disputaram a Supertaça, em Aveiro. O Benfica apresentou o mesmo esquema que lhe permitiu ganhar o campeonato o ano passado, mas com a ausência de duas pedras fundamentais: Javi Garcia e Ramires. Se a presença do espanhol permite a David Luiz a subida no terreno, para a criação de desequilíbrios e respectiva compensação, a ausência do brasileiro veio provar que a sua substituição será muito difícil de acontecer, porque as transições defensivas da equipa eram efectuadas por Carlos Martins, que não tem a mesma eficácia, nem a mesma cultura táctica.
Quanto ao resto, Coentrão conseguiu substituir Di Maria a espaços, mas as constantes trocas com César Peixoto deixaram o "caxineiro" sempre em dúvida se estaria a jogar a médio ou a defesa esquerdo.
Cardozo foi um mero espectador e Airton pareceu claramente nervoso e com medo de errar.








Já o FC Porto apresentou-se no seu sistema habitual 4-3-3, com o meio-campo bem mais criativo com a presença de João Moutinho e de Beluschi, bem coadjuvados por Varela e Fernando. Hulk e Falcao estavam entregues a missões bem mais ofensivas. Álvaro Pereira era um dos municiadores do ataque, restando a Maicon, Rolando e Sapunaru as tarefas mais defensivas, ou pelo menos, mais retraídas.



















O jogo começou praticamente com o golo do FC Porto, na marcação de um canto, e com um desvio de Ruben Amorim, Rolando aproveitou para fazer o golo. Muita gente fala das mãos de Roberto, mas nenhum guarda-redes do Mundo com um adversário a 2 metros consegue ter tempo de reacção para desviar a bola. Quem nunca jogou que diga o contrário.
O Benfica (e Jorge Jesus) pecou por ter alterado o esquema com que se tinha dado tão bem na pré-época, para além do facto de termos tido um Airton muito nervoso no início do jogo, e logo ele, que ocupa uma posição fulcral para o jogo encarnado.
O FC Porto exercia uma pressão alta, e com maior criatividade no meio-campo asfixiava o Benfica, que não conseguia sair a jogar e a construir jogo, sendo que a maioria da primeira fase de construção ofensiva encarnada era feita por Luisão, através de passes longos para Saviola ou Fábio Coentrão.
A falta de Ramires sentia-se e Varela tinha liberdade para fazer o que queria de Ruben Amorim. A par da maior agressividade sobre a bola, o FC Porto encontrava sempre linhas de passe para os corredores laterais ofensivos (cobertura defensiva deficitária?) e com isso criava mais oportunidades de perigo.
O Benfica raramente saía com a bola controlada da sua grande área, devido a essa pressão imposta pelo FC Porto. Só a partir da meia-hora, se começou a ver alguma coisa do Benfica do ano passado, a explorar o espaço entre linhas, com as movimentações de Saviola, sempre na procura de espaços para as laterais (com maior predominância sobre a esquerda, aproveitando a má cobertura de Hulk e as falhas defensivas de Sapunaru).

Com o intervalo, pensava-se que alguma coisa iria mudar, mas não. Aimar continuou manietado por Fernando e Moutinho (excelente trabalho de sapa), Cardozo pouco ou nada se mexia em busca de oscilações e os passes verticais no corredor central feitos por Sidnei e Airton favoreciam o povoamento do FC Porto na zona. Aliás, era Sidnei que fazia a primeira fase de construção de jogo do Benfica, o que denota alguma falta de organização no planeamento ofensivo da equipa.

O FC Porto, sempre preocupado em ocupar espaços defensivos, e pronto a soltar o contra-ataque deu uma estocada final num 1x1 entre Varela e Luisão que Falcao aproveitou no centro da área benfiquista para o 2-0.
A entrada de Jara fez com que Saviola fosse para 10, mas as soluções que o argentino tentava encontrar, não tinham seguimento com os restantes jogadores de equipa.

Até final do jogo, o FC Porto limitou-se a gerir o espaço e a táctica, enquanto que o Benfica andava (com acções individuais) a tentar arranjar uma solução caída do céu para tentar minimizar os estragos.

Uma vitória justa da equipa que melhor se portou tacticamente num jogo diferente de todos aqueles que terá daqui em diante, quer uma, quer outra.




Olho nos meninos

Paulo Henrique Ganso

Joga no Santos, foi descoberto por Giovani e tem 20 anos. Canhoto, joga no centro do terreno do Santos e é um dos melhores talentos a jogar no Brasil. Um pouco lento, mas com sentido colectivo irreparável, Paulo Henrique Ganso tem tudo para sair do Brasil e desenvolver-se ainda mais como jogador. O seu sentido táctico não é o melhor, necessitando de ser aperfeiçoado, mas a maneira rápida de pensar o jogo e torná-lo simples é uma mais-valia importante para a equipa. Certamente que ou até final de Agosto ou no final da época no Brasil (em Dezembro) sairá da Vila Belmiro em direcção à Europa.




Elkeson

Elkeson é outro jovem, com apenas 19 anos e já é uma das vedetas do Vitória da Bahia, recente finalista da Copa do Brasil. Joga no meio-campo, actuando como 8 ou 10, sempre com uma vontade própria de ir fazendo melhor. Cerca de 50% do passe foi adquirido pelo Benfica, sendo os outros 50 de Giuliano Bertolucci. Jogando preferencialmente no meio-campo, Elkeson costuma marcar muitos golos de fora da área ou então servir os companheiros melhor posicionados para a finalização. Para além disso, também é forte nas compensações e transições defensivas, permitindo assim à equipa não ficar desequilibrada.



quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Supertaça


Benfica e FC Porto começam no próximo sábado mais uma época de futebol em Portugal. A expectativa é grande, já que o Benfica terá o ónus de tentar repetir o título de Campeão Nacional, enquanto que o FC Porto foi alvo de uma pequena revolução, que pretende fazer com que o clube volte aos títulos.

Di Maria foi a saída que o Benfica teve de maior relevância. O argentino era o último recurso da época passada quando a equipa não funcionava colectivamente. Quando as linhas de passe estavam cortadas, a bola ia para o argentino, para que este tentasse resolver uma situação de 1x1, criando assim as linhas de passe seguintes para o seguimento do processo ofensivo. Com isso, foi eleito para a maioria das pessoas o jogador do ano. Pelos desequilíbrios, pelas fintas, pelas assistências, mas também pelos golos que marcou (algo raro até então).

Este ano, com as aquisições de Gaitán e Jara, o Benfica arranjou mais soluções atacantes e modificou, em alguns aspectos, o sistema de jogo. Não estando tão dependente de um jogador, Jorge Jesus adoptou um sistema moldado à dinâmica da equipa, onde os movimentos / compensações dos jogadores tornam a equipa mais compacta, mais rápida, mais pressionante e mais atacante. Um Benfica mais sólido a atacar como no ano passado, a jogar mais como equipa (em matéria ofensiva), mas ainda com visíveis dificuldades em termos de transições defensivas.

No FC Porto, a grande novidade é mesmo o treinador. Depois de 3 anos com Jesualdo Ferreira, o 3º lugar do ano passado fez com que Pinto da Costa optasse por um treinador jovem, sem experiência, mas com o facto de ter sido adjunto de Mourinho. Ser adjunto de Mourinho não tem mal nenhum (bem pelo contrário), mas se isso fosse verdade e desse resultados imediatos, Baltemar Brito, Rui Faria e Silvino Louro também já teriam dado excelentes treinadores.

O defeso foi animado e a contratação de João Moutinho ao Sporting foi a grande surpresa. Se o FC Porto mantiver Raúl Meireles, terá um meio-campo muito forte para poder combater e lutar pelo título. A saída de Bruno Alves será colmatada com a entrada de Rodríguez (do Sp. Braga) e não se notará muito a diferença.

Diferença só na mentalidade do treinador e na passagem da mensagem das ideias que tem para o clube e para a equipa, que está numa verdadeira renovação, apesar de manter o sistema táctico de 4-3-3, com predominância para a liberdade de Hulk, tentando aproveitar a força e a meia-distância do brasileiro. Varela está recuperado, Rodriguéz (Christian) também e por isso, a principal força motriz do ataque portista (as alas) estarão prontas para o recado.

O encontro de sábado será intenso, como qualquer derby, ainda para mais, com uma taça em disputa. Um 4-1-3-2 contra um 4-3-3 ou um duplo confronto 4-3-3?
A história terá o direito de confirmar...