Liverpool e Arsenal começaram este fim-de-semana a disputa da English Premier League e a jogar um contra o outro. Em Inglaterra, ainda não há limitações que façam o bem do espectáculo, como se argumenta em Portugal.
Talvez seja daí a principal diferença entre uma liga e outra.
Diferenças também as há entre as duas equipas, com o Arsenal a privilegiar a posse de bola e as fases de construção de ataque da equipa.
O Liverpool ficou mais exposto ao velho estilo inglês do "kick and rush" i
mplementado por Roy Hodgson.
Olhando para a disposição táctica das equipas, notamos que o Liverpool jogou num 4-4-1-1 a defender, mas que a atacar, os extremos eram os avançados Jovanovic (ex-Standard Liége) e Dirk Kuyt, que apoiavam David N'Gog. A "10" jogava Joe Cole, suportado por Gerrard e Mascherano no meio-campo. Na defesa, Glen J
ohnson na direita, Daniel Agger na esquerda, Carragher e Skrtel no centro. A baliza, como sempre, entregue a Pepe Reina.
Defendendo, o Liverpool deixava os supostos extremos baixarem no terreno, formando duas linhas de 4 homens (meio-campo e defesa), espreitando Cole o contra-ataque e deixando N'Gog na marcação zonal aos dois defesas-centrais.
O Arsenal jogou num esquema 4-2-3-1, com Almunia na baliza, Sagna e Clichy nas alas, Vermaelen e o estreante Koscielny (ex-Lorient). Diaby e Wilshere assumiam as despesas do centro do terreno, com Nasri no papel de organizador de jogo. Eboué jogava como médio-direito, Arshavin na esquerda e Chamakh (ex-Bordéus) era o avançado centro.
Olhando para o jogo, tivémos um Arsenal que quis sempre ter a bola para jogar e fez disso a sua melhor arma, não aproveitando contudo o espaço entre linhas. Na primeira parte, houve poucas oportunidades de golo e o jogo foi muito estudado. O principal motivo foi a expulsão de Cole, numa entrada junto à linha de fundo sobre Koscielny, reduzindo assim o Liverpool a 10 homens para a segunda parte.
E é na segunda parte que o jogo ganha outra dinâmica quando N'Gog marca o golo do Liverpool, aproveitando uma perda de bola, à entrada da área.
Wenger opta por uma dupla substituição, tirando Eboué e Wilshere e fazendo entrar Walcott e Rosicky, tentando dar uma maior profundidade ao futebol do Liverpool. Walcott colocou-se ao lado de Chamakh e Rosicky foi para extremo-direito, usando assim um 4-4-2 clássico.
O Arsenal continuava a carregar e o Liverpool a defender e a retirada de Jovanovic para entrar Maxi Rodriguéz queria provar isso mesmo. Entretanto, Wenger volta a mexer e coloca Van Persie no lugar de Diaby, dando o meio-campo do Arsenal a Rosicky e a Nasri. Sem nenhuma unidade defensiva do meio-campo para a frente, era notório o interesse do Arsenal em ganhar o jogo.
Este Arsenal até poderá ser conhecido pelo seu futebol simples, prático, rendilhado, de encher o olho, mas não chega para ganhar os jogos. Tem sido essa a tendência nos últimos anos da equipa de Wenger. Um futebol bonito, pensado, útil, mas sem o devido aproveitamento.
No desespero de defender, Hodgson lança Torres para o lugar de N'Gog e com uma saída temporária de Agger, coloca-o na esquerda a defender e a ser o primeiro homem a sair para o ataque, através de lançamentos longos. Mas o Arsenal, com Rosicky no meio, aproveitou melhor a circulação de bola e começou a criar oportunidades. Através de um erro de Reina, os "gunners" chegaram ao golo e assim conquistaram um ponto.
Jogo dividido, sem muito sal, mas condimentado pelo início de época e pela forma de jogar de ambas as equipas. Liverpool sempre na expectativa. Arsenal a querer impor o ritmo do jogo. Veremos o futuro....