terça-feira, 28 de maio de 2013

Direitos TV Premier League 2012-2013

Já saiu a lista da atribuição dos prémios monetários da Liga Inglesa 2012/2013, e o grande angariador deste tipo de receitas é o Manchester United, que recebeu mais de 60 milhões de libras. No entanto, no universo dos 20 clubes da Premier, a diferença de rendimentos ultrapassa pouco mais do que os 20 milhões de libras, já que o QPR (último classificado) recebeu cerca de 39 milhões de libras. A lista mais abaixo retrata os valores totais de receitas dos direitos de TV esta época na Premier League:


Como se pode constatar, o ranking de receitas não é igual à posição na Liga. Isto deve-se ao facto de haver diferentes variáveis na atribuição dos dinheiros na questão dos direitos de TV e que estão explicados mais abaixo, no documento oficial da Premier League, com a atribuição dos respectivos fundos.




Na tabela mais acima, originária da própria Premier League, estão os valores ao pormenor e divididos em diferentes campos: Place (Classificação); Live (Jogos ao vivo na SKY / ESPN); BBC (Jogos transmitidos na BBC); N.Live (Jogos em diferido); Equal Share (valor igual de receita); Facility Fees (valor anexo a jogos); Merit Payment (valor atribuído à classificação); Overseas TV (valor das transmissões no estrangeiro); Total Payment (valor total).

O quadro está alinhado por ordem alfabética dos clubes, daí o facto de Arsenal (4º) e Aston Villa (15º) serem os primeiros e Wigan Athletic (18º) estar em último. Uma nota importante para a parte de baixo da tabela. Diz respeito aos que são considerados "parachute clubs", que não são nem mais nem menos do que os clubes que desceram de divisão nos últimos 3 anos. Recebem valores iguais consoante o ano em que desceram:

- 7,591,671 £ cada em 2011/2012 - Bolton, Blackburn e Wolves (para além de 7,983,449 £ em valor de transmissões no estrangeiro cada um) - total de 15,575,120 £ cada;
- 6,211,367 £ em 2010/2011 - Blackpool e Birmingham (o West Ham foi o outro clube que desceu, mas voltou a subir esta época) (para além de 6,090,277 £ em valor de transmissões no estrangeiro cada um) - total de 12,301,644 £ cada
- 3,450,760 £ em 2009/2010 - Burnley, Hull City e Portsmouth (para além de 2,303,932 £ em valor de transmissões no estrangeiro cada um) - total de 5,754,692 £ cada

Ou seja, estes parachute clubs conseguem angariar ainda dinheiro de presenças que tiveram em anos anteriores na Premier League, num espaço temporal de três anos.

Nos valores do Live (jogos ao vivo na Sky / ESPN), o principal destaque vai para o Manchester United que conseguiu ser o clube com mais jogos transmitidos em directo (25), vindo logo atrás o Arsenal e o Liverpool (22 cada) e o Manchester City e o Tottenham (21 cada). Os clubes que tiveram menos jogos transmitidos ao vivo foram o Fulham, Norwich, Reading, Southampton, Stoke, Swansea, West Bromwich e Wigan Athletic, todos com 10. Mas a maior surpresa é o número de jogos do Chelsea (16).

Nos valores da BBC e dos N.Live, a diferença não é muita. Nos jogos da BBC, todos foram transmitidos (em directo ou em diferido), ao passo que os N.Live (near live) são a diferença entre os jogos da BBC e os que são transmitidos em directo, por forma a prefazerem a soma dos 760 jogos que compõem a Premier League.

A Equal Share é o valor distribuído de forma equitativa entre os diferentes clubes da Premier League. O valor atribuído é baseado nos 276,060,760 £ existentes e dividi-los pelos 20 clubes. Cada um recebe a "bonita" parcela de quase 14 milhões de libras (13,803,038 £).

Os Overseas TV funcionam da mesma forma. Distribuídos da mesma maneira, os cerca de 378,634,520 £ deram a cada clube o valor de quase 19 milhões de libras (18,931,726 £).

Os Facility Fees são respeitantes ao número de jogos dados em directo na televisão. Os clubes, também eles, recebem consoante os seus jogos são mais ou menos visionados. Neste caso, o clube que recebeu mais neste capítulo foi o Manchester United (maior número de jogos) e os que receberam menos foram os clubes que tiveram menos jogos em directo (Fulham, Norwich, Reading, Southampton, Stoke, Swansea, West Bromwich e Wigan Athletic).

Por fim, os Merit Payment referem-se à classificação obtida pelos clubes no respectivo campeonato. Mais uma vez, o Manchester United (1º) é o grande vencedor e o QPR (20º) o clube que menos dinheiro recebe. 

A divisão das receitas está então assim distribuída:
Equal Share - 28%
Facility Fees - 16%
Merit Payment - 15%
Overseas TV - 39%

A grande força da Premier League está efectivamente na venda dos direitos ao estrangeiro. Não é à toa que os valores do contrato dos próximos 3 anos (que a Benfica TV adquiriu para Portugal) vai ser muito superior ao que foi este ano. Para se ter uma ideia, o vencedor da próxima edição da Premier League poderá arrecadar perto dos 100 milhões de libras, ao passo que o último classificado poderá chegar aos 60 milhões (curiosamente o valor alcançado pelo Man Utd este ano). É nessa vertente comercial que a Premier trabalha, com vista depois a dar melhores condições financeiras a quem lhes dá a ganhar. Trata-se sempre de uma win-win situation, onde o retorno gerado é sempre maior do que aquele que é gasto. É assim que se fazem os negócios no futebol.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A vaidade é o meu pecado favorito

"Como ninguém gosta de expressar a sua vaidade em público nem de reconhecer que a tem, o erro está frequentemente em gerir o grupo sem a levar em consideração. Ou, pior ainda, que o líder pense que a única vaidade que há para gerir é a sua.
As equipas que têm sucesso - de futebol, de gestão ou do que for - são sempre as mais equilibradas em todos os sentidos, no trabalho, no elogio das qualidades e na contribuição de cada um. O líder ou líderes do grupo devem ter isto sempre presente, saber que não há nenhum jogador que, por mais determinante que seja, possa sozinho fazer a sua equipa ganhar. A harmonia do grupo é imprescindível e está baseada em que cada uma das pessoas se sinta tratada de forma justa e proporcional à sua contribuição. Ou seja, que o seu grau de vaidade esteja mais ou menos satisfeito.
(...)
Então, após admitir que a gestão do reconhecimento dos membros do grupo e das vaidades não é uma questão menor e que não se regula por si só, parece-me que teremos de contemplar três regras básicas:

1. Mudemos o eu por nós, o meu por nosso.

2. O sucesso consegue-se graças ao esforço de todos os membros do grupo.

3. Agradeçamos publicamente qualquer contribuição, por pequena que seja e embora não seja evidente. Todas têm valor."

Ferran Soriano, "A Bola Não Entra Por Acaso" 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Football Money League. Os últimos 10 (I).

Entre o 11º e o 20º classificado da Football Money League existem emblemas europeus de respeito, que mostram a vitalidade (nuns casos) e a realidade das suas épocas desportivas (noutros casos).

11º - Borussia Dortmund

O campeão alemão de 2011/2012 viu as suas receitas totais aumentarem mais de 49 milhões de euros, num ano em que fizeram a "dobradinha" na Alemanha. A distribuição das suas receitas foram as seguintes:

- Bilheteira - 31,4 M€ (17%)
- Direitos de TV - 60,4 M€ (32%)
- Merchandising - 97,3 M€ (51%)

Mais de metade das receitas do Dortmund provêm do merchandising e do fortíssimo posicionamento que o futebol alemão começa a ganhar na dimensão nacional e internacional.
Os principais argumentos que serviram para alimentar estes números do Dortmund foram os seguintes:

- Adição da companhia ODDSET ao número restrito de "partners"
- Extensão dos contratos com a Evonik (patrocinador de camisolas), com a Signal Iduna (naming do estádio) e abertura da quinta fanshop na cidade


12º - Inter Milão

Longe vão os tempos de glória do Internazionale e de José Mourinho ao seu leme. Desde a saída do treinador português que as receitas do clube milanês têm vindo a decair. Dos 225 M€ (em 2009/2010, ano
da vitória na Champions), o Inter fez 211 M € (em 2010/2011) e 186 M€ na última época de análise às contas. Aliás, o Inter caiu 4 lugares na tabela dos clubes que geram mais receitas, saindo do Top 10. A distribuição das receitas em 2011/2012 foi a seguinte:

- Direitos de TV - 112,4 M€ (60%)
- Merchandising - 50,3 M€ (27%)
- Bilheteira - 23,2 M€ (13%)

Os 13% de receitas de bilheteira que o Inter angariou mostram o verdadeiro problema quando comparado com os 60% de direitos de TV. Ou seja, a TV tira adeptos ao estádio e isso nota-se no caso do Inter, onde um estádio com 80 mil lugares não chega sequer a uma média de 45,000 espectadores (a média foi de 44,577 espectadores / jogo). Para isso, o Inter fez um acordo com um grupo de investidores chineses que convidaram a China Railway Construction Company para pensar num estádio novo para o Inter, seguindo o exemplo da Juventus que construiu um estádio mais pequeno do que o Olímpico de Turim e que assim conquistou uma mais-valia nas receitas de bilheteira. A construção final do estádio está apontada para 2017.


13º - Tottenham Hotspur

O clube londrino teve uma quebra nas receitas totais em 2011/2012 na ordem dos 19 M£ (cerca de 12%), o que fez com que o Tottenham fosse parar ao 13º lugar (desceu duas posições) da Football Money League. Com um 4º lugar na Premier League, mas com a vitória do Chelsea na Champions League, calhou ao Tottenham ir parar à Liga Europa, o que fez com que as receitas dos direitos de TV fossem menores, assim como as receitas de bilheteira também tiveram um decréscimo, devido ao facto de ter tido poucos jogos em casa, apesar de White Hart Lane estar sempre cheio. A distribuição das receitas do clube foi a seguinte:

- Direitos de TV - 76,1 M€ (43%)
- Bilheteira - 50,8 M€ (28%)
- Merchandising - 51,3 M€ (29%)

A questão do merchandising é a que merece maior destaque, já que é uma área onde o Tottenham tem vindo a apostar. Foi a única área das receitas que teve um acéscimo, neste caso de 12% relativamente ao ano anterior. Para isso contribuiu um bi-acordo no patrocínio das camisolas, ou seja, quando o Tottenham joga na Premier League usa a Aurasma como patrocinador e nas competições europeias usa a Investec. Para além disso, o velhinho White Hart Lane também parece ter os dias contados. Os Spurs receberam recentemente uma autorização para projectarem um novo estádio na zona de Tottenham, pelo que também estão na expectativa de quererem ter mais receitas no campo da bilheteira.


14º Schalke 04

O clube da cidade operária de Gelsenkirchen desceu 4 lugares na tabela da Football Money League 2011/2012 devido à ausência da Champions League e à fraca prestação desportiva nas competições internas, como o caso da Taça da Alemanha.
Um decréscimo nas receitas de 27 M€ fez com que o Schalke 04 tivesse quebras nos direitos de TV e nas receitas de bilheteira, mas a parte de merchandising teve um crescimento que compensou de alguma foram essas perdas. Não foi o suficiente, mas foi um factor que aumentou. A distribuição das receitas foi a seguinte:

- Direitos de TV - 38 M€ (22%)
- Bilheteira - 43,1 M€ (25%)
- Merchandsiing - 93,4 M€ (53%)

Mais uma vez, o merchandising volta a ter uma importância relevante nos clubes alemães e o Schalke 04 não é excepção. Mais de metade das receitas que os Die Knappen (mineiros, em alemão) angariaram resulta das várias vertentes comerciais do clube, que para além de aproveitar as comodidades da Veltins Arena, o recente acordo com a Gazprom para o prolongamento do patrocínio da camisola até Junho de 2017, no valor de 15 M€ / época. Não há dúvida de que o futebol alemão será uma forte potência nos próximos tempos e estes valores de receitas a isso demonstram. A capacidade, especialmente comercial, será determinante para influenciar todas as outras formas de receitas. O Schalke 04 é um bom exemplo disso.


15º Napoli

O clube italiano foi uma das surpresas da Football Money League de 2011/2012 ao subir 5 lugares na tabela, do 20º para o 15º lugar, com um aumento de 33 M€ no total de receitas acumuladas, cifrando-se nos 148 M€. Para isso, contribuiu e muito a presença na Champions League, a vitória na Taça de Itália e o 5º lugar na Serie A. Todas as receitas aumentaram relativamente ao ano anterior, sendo que a sua distribuição foi a seguinte:

- Direitos de TV - 85,8 M€ (58%)
- Bilheteira - 24,6 M€ (16%)
- Merchandising - 38 M€ (26%)

O destaque vai para a bilheteira, já que teve um aumento de 12% relativamente ao ano anterior, mas que ajudaou o Napoli a encher o estádio várias vezes, devido ao facto de ali se terem deslocado para jogar equipas como o Bayern de Munique, o Chelsea ou o Manchester City. Com audiências médias superiores aos 35,000 lugares, as receitas de bilheteira não ultrapassa
ram os 16% do total de receitas, vincando e bem a realidade da dependência televisiva do futebol italiano (cerca de 58% das receitas do Napoli são provenientes dos direitos de TV).

terça-feira, 7 de maio de 2013

Parceria nipo-inglesa

O Manchester United assinou um acordo com a Gloops no dia 25 de Abril, numa parceria sino-inglesa que pretende cimentar a presença do clube inglês no mercado japonês.

A gloops é uma empresa japonesa líder na criação de jogos online que foi fundada em 2005 e que tem neste momento lucros de 24 biliões de ienes (cerca de 1,8 mil milhões de euros) e produz cerca de 19 jogos diferentes para cerca de 18 milhões de utilizadores no Japão. A rede é enorme e o Manchester United soube aproveitar.

O contrato tem a duração de dois anos e é o primeiro que é feito entre um clube de futebol e a empresa japonesa. Para além da rede usada pela Gloops, o Manchester United quer utilizar os 4 milhões de seguidores que tem no Japão.

Um dos primeiros projectos é a criação de um jogo estatístico de cartões com a assinatura do Manchester United para ser lançado no Japão. Para além disso, o país nipónico foi um dos escolhidos para a tour do Manchester United de pré-temporada.

domingo, 5 de maio de 2013

Football Money League. Juventus.

O campeão italiano de 2011/2012 fecha o Top 10 da Deloitte Football Money League. O clube de Turim atingiu os 195 M€ de receitas num ano em que foi campeão italiano sem derrotas na Serie A, no que se traduziu num aumento de 27% relativamente à época transacta (154 M€).

Após os anos do CalcioCaos e consequente descida de divisão, a Juventus está de volta aos velhos tempos de glórias e conquistas, nos quais alcançou o epíteto de "Vecchia Signora".

A Juventus teve crescimentos em todos os tipos de receitas. Nas receitas de bilheteira (174%), no merchandising (36%) e nos direitos de TV (2%).

As receitas de bilheteira foram aquelas que tiveram um maior "boost", devido ao novo estádio da Juventus, que com uma capacidade de 41,000 lugares permitiu os seguintes encaixes:

- Receitas que passaram de 11,6 M€ para 31,8 M€
- Assistências médias passaram de 21,966 para 35,755 espectadores
- Receitas por jogo passaram dos 400 000 € / jogo para 1,4 M€ / jogo
A saída do estádio olímpico de Turim foi fundamental para uma reestruturação das receitas de bilheteira da Juventus, devido à dicotomia afluência/capacidade do estádio e isso está presente nesta época de estreia do novo estádio do clube italiano.

No que ao merchandising diz respeito, a Juventus registou um crescimento de 36%, atingindo o valor total de 73 M€. Para este valor, contribuíram as novas facilidades do estádio, assim como a substituição de patrocínio nas camisolas, com a Jeep a substituir a BetClic, pagando para isso quase metade, ou seja 35 M€ por um acordo com o prazo de três anos.

Relativamente aos direitos de TV, o acréscimo foi reduzido (cerca de 2%), situando-se nos 90,6 M€, cerca de 47% da totalidade das receitas. Este valor reflecte a classificação da Juventus na Serie A e todos os factores que a distribuição dos direitos de TV em Itália dizem respeito. No entanto, a importância dos direitos de TV nas receitas totais da "Vecchia Signora" foram reduzidos em 10%, o que mostra que a realidade começa a ser outra para os lados de Turim.

Com a recente conquista do campeonato, a Juventus irá cimentar ainda mais a sua posição dominante em Itália, o que conjugando a presença na Champions League até aos quartos-de-final poderá levar o clube a ser o melhor representante italiano na próxima edição, destronando assim o AC Milan.