Já saiu a lista da atribuição dos prémios monetários da Liga Inglesa 2012/2013, e o grande angariador deste tipo de receitas é o Manchester United, que recebeu mais de 60 milhões de libras. No entanto, no universo dos 20 clubes da Premier, a diferença de rendimentos ultrapassa pouco mais do que os 20 milhões de libras, já que o QPR (último classificado) recebeu cerca de 39 milhões de libras. A lista mais abaixo retrata os valores totais de receitas dos direitos de TV esta época na Premier League:
Como se pode constatar, o ranking de receitas não é igual à posição na Liga. Isto deve-se ao facto de haver diferentes variáveis na atribuição dos dinheiros na questão dos direitos de TV e que estão explicados mais abaixo, no documento oficial da Premier League, com a atribuição dos respectivos fundos.
Na tabela mais acima, originária da própria Premier League, estão os valores ao pormenor e divididos em diferentes campos: Place (Classificação); Live (Jogos ao vivo na SKY / ESPN); BBC (Jogos transmitidos na BBC); N.Live (Jogos em diferido); Equal Share (valor igual de receita); Facility Fees (valor anexo a jogos); Merit Payment (valor atribuído à classificação); Overseas TV (valor das transmissões no estrangeiro); Total Payment (valor total).
O quadro está alinhado por ordem alfabética dos clubes, daí o facto de Arsenal (4º) e Aston Villa (15º) serem os primeiros e Wigan Athletic (18º) estar em último. Uma nota importante para a parte de baixo da tabela. Diz respeito aos que são considerados "parachute clubs", que não são nem mais nem menos do que os clubes que desceram de divisão nos últimos 3 anos. Recebem valores iguais consoante o ano em que desceram:
- 7,591,671 £ cada em 2011/2012 - Bolton, Blackburn e Wolves (para além de 7,983,449 £ em valor de transmissões no estrangeiro cada um) - total de 15,575,120 £ cada;
- 6,211,367 £ em 2010/2011 - Blackpool e Birmingham (o West Ham foi o outro clube que desceu, mas voltou a subir esta época) (para além de 6,090,277 £ em valor de transmissões no estrangeiro cada um) - total de 12,301,644 £ cada
- 3,450,760 £ em 2009/2010 - Burnley, Hull City e Portsmouth (para além de 2,303,932 £ em valor de transmissões no estrangeiro cada um) - total de 5,754,692 £ cada
Ou seja, estes parachute clubs conseguem angariar ainda dinheiro de presenças que tiveram em anos anteriores na Premier League, num espaço temporal de três anos.
Nos valores do Live (jogos ao vivo na Sky / ESPN), o principal destaque vai para o Manchester United que conseguiu ser o clube com mais jogos transmitidos em directo (25), vindo logo atrás o Arsenal e o Liverpool (22 cada) e o Manchester City e o Tottenham (21 cada). Os clubes que tiveram menos jogos transmitidos ao vivo foram o Fulham, Norwich, Reading, Southampton, Stoke, Swansea, West Bromwich e Wigan Athletic, todos com 10. Mas a maior surpresa é o número de jogos do Chelsea (16).
Nos valores da BBC e dos N.Live, a diferença não é muita. Nos jogos da BBC, todos foram transmitidos (em directo ou em diferido), ao passo que os N.Live (near live) são a diferença entre os jogos da BBC e os que são transmitidos em directo, por forma a prefazerem a soma dos 760 jogos que compõem a Premier League.
A Equal Share é o valor distribuído de forma equitativa entre os diferentes clubes da Premier League. O valor atribuído é baseado nos 276,060,760 £ existentes e dividi-los pelos 20 clubes. Cada um recebe a "bonita" parcela de quase 14 milhões de libras (13,803,038 £).
Os Overseas TV funcionam da mesma forma. Distribuídos da mesma maneira, os cerca de 378,634,520 £ deram a cada clube o valor de quase 19 milhões de libras (18,931,726 £).
Os Facility Fees são respeitantes ao número de jogos dados em directo na televisão. Os clubes, também eles, recebem consoante os seus jogos são mais ou menos visionados. Neste caso, o clube que recebeu mais neste capítulo foi o Manchester United (maior número de jogos) e os que receberam menos foram os clubes que tiveram menos jogos em directo (Fulham, Norwich, Reading, Southampton, Stoke, Swansea, West Bromwich e Wigan Athletic).
Por fim, os Merit Payment referem-se à classificação obtida pelos clubes no respectivo campeonato. Mais uma vez, o Manchester United (1º) é o grande vencedor e o QPR (20º) o clube que menos dinheiro recebe.
A divisão das receitas está então assim distribuída:
Equal Share - 28%
Facility Fees - 16%
Merit Payment - 15%
Overseas TV - 39%
A grande força da Premier League está efectivamente na venda dos direitos ao estrangeiro. Não é à toa que os valores do contrato dos próximos 3 anos (que a Benfica TV adquiriu para Portugal) vai ser muito superior ao que foi este ano. Para se ter uma ideia, o vencedor da próxima edição da Premier League poderá arrecadar perto dos 100 milhões de libras, ao passo que o último classificado poderá chegar aos 60 milhões (curiosamente o valor alcançado pelo Man Utd este ano). É nessa vertente comercial que a Premier trabalha, com vista depois a dar melhores condições financeiras a quem lhes dá a ganhar. Trata-se sempre de uma win-win situation, onde o retorno gerado é sempre maior do que aquele que é gasto. É assim que se fazem os negócios no futebol.