quinta-feira, 24 de julho de 2014

Como se chama público ao estádio?

Já aqui neste espaço, critiquei a forma como o FC Porto fez o anúncio para incentivar os sócios e adeptos a adquirirem o lugar anual no Estádio do Dragão para esta época.
A alusão de momentos de guerra, com efeitos sonoros típicos de armas não ajuda em nada a promover o futebol e o próprio jogo.

No entanto, parece que o paradigma mudou, pelo menos, para o jogo de apresentação da equipa, frente ao Saint-Etiénne, no próximo fim-de-semana.

O anúncio é este:



Com um simples toque de humor, é possível fazer um anúncio que não sai do seu objectivo (chamar pessoas ao estádio).

E as competições nacionais?

Júlio Mendes, presidente do Vitória de Guimarães, falou no fim da reunião levada a cabo na Federação Portuguesa de Futebol, noticiando que os clubes da Primeira e Segunda Liga aprovaram a criação duma comissão levada encabeçada por Benfica, Sporting e FC Porto

"Após uma discussão longa, concluímos que a solução para os problema da Liga, que vem preocupando os clubes, passará pelo entendimento e diálogo entre todos os clubes. Os clubes devem ser capazes de esquecer divergências do passado e pensar acima de tudo no interesse do futebol português. Isto foi entendido por todos. Foi constituída uma comissão com Sporting, FC Porto e Benfica, que apela à convergência do futebol português, a que se juntarão mais tarde outros clubes da Primeira e Segunda Liga.Os clubes terão de discutir várias questões, entre as quais a sustentabilidade", referiu em declarações prestadas no final da reunião na sede da FPF.

Estas declarações prestadas ontem, à saída da Federação e sem a presença do Presidente da Liga, faz com que tudo se esteja a perfilar para que a FPF tome conta do caso, com o beneplácito dos clubes.
E isso é muito simples de demonstrar.

Peguemos na Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto, inserida no Decreto-Lei 248-B/2008, de 31 de Dezembro, que foi recentemente alterada, mais concretamente a 24 de Abril, mas promulgado pelo Presidente da República a 17 de Junho e publicado em Diário da República uma semana depois (a 23 de Junho).
As alterações foram tomadas com o pressuposto de serem aprovadas e publicadas em tempo de Mundial, para assim se passar por entre as pripécias que a Selecção Nacional estava a fazer por terras de Vera Cruz.

Vou-me basear em um artigo específico (o 27º) que pertence ao Capítulo III - Organização e funcionamento das federações desportivas. O de 2008 diz isto:
1 — A liga profissional exerce, por delegação da respectiva federação, as competências relativas às competições de natureza profissional, nomeadamente:
a) Organizar e regulamentar as competições de natureza profissional, respeitando as regras técnicas definidas pelos competentes órgãos federativos nacionais e internacionais;
b) Exercer relativamente aos seus associados as funções de controlo e supervisão que sejam estabelecidas na lei ou nos estatutos e regulamentos;
c) Definir os pressupostos desportivos, financeiros e de organização de acesso às competições profissionais, bem como fiscalizar a sua execução pelas entidades nelas
participantes.
2 — A liga profissional é integrada, obrigatoriamente, pelos clubes e sociedades desportivas que disputem as competições profissionais.
3 — A liga profissional pode, ainda, nos termos definidos nos seus estatutos, integrar representantes de outros agentes desportivos.
4 — Cabe à liga profissional exercer, relativamente às competições de carácter profissional, as competências da federação em matéria de organização, direcção, disciplina e arbitragem, nos termos da lei.

As mudanças na lei que foi aprovada há cerca de um mês (a 93/2014) diz o seguinte, no mesmo artigo (já com as alterações efectuadas) são as seguintes:

1 — A liga profissional exerce, por delegação da respetiva federação, as competências relativas às competições de natureza profissional, nomeadamente:
a) Organizar e regulamentar as competições de natureza profissional, respeitando as regras técnicas definidas pelos competentes órgãos federativos nacionais e internacionais;
b) Exercer as competências em matéria de organização, direção, disciplina e arbitragem, nos termos da lei;
c) Exercer relativamente aos seus associados as funções de controlo e supervisão que sejam estabelecidas na lei ou nos estatutos e regulamentos;
d) Definir os pressupostos desportivos, financeiros e de organização de acesso às competições profissionais, bem como fiscalizar a sua execução pelas entidades nelas participantes.
2 — No caso de uma liga profissional persistir, depois de expressamente notificada, no não cumprimento, por ato ou omissão, de obrigação que implique ou possa implicar, nos termos do artigo 21.º, a suspensão do estatuto de utilidade pública desportiva da respetiva federação, deve esta comunicar tal facto ao membro do Governo responsável pela área do desporto, o qual pode, ouvido o Conselho Nacional do Desporto, determinar a cessação da delegação de competências referida no número anterior e a devolução, transitória, do seu exercício à federação desportiva.
3 — A cessação da delegação de competências pode, ouvido o Conselho Nacional do Desporto, ser levantada com base no desaparecimento das circunstâncias que constituíram o seu fundamento.
4 — A liga profissional é integrada, obrigatoriamente, pelas sociedades desportivas que disputem as competições profissionais.
5 — A liga profissional pode ainda, nos termos definidos nos seus estatutos, integrar representantes de outros agentes desportivos.

E aqui fala-se no artigo 21º, da mesma lei, onde a primeira alínea (com as alterações efectuadas) é muito clara:
1 — O estatuto de utilidade pública desportiva pode ser suspenso por despacho fundamentado do membro do Governo responsável pela área do desporto, nos seguintes casos:
a) Prática de ilegalidades ou irregularidades graves, por ação ou omissão, no exercício dos poderes públicos conferidos pelo estatuto de utilidade pública desportiva, violação reiterada das regras legais de publicitação da atividade ou violação das regras de organização e funcionamento internos das federações desportivas constantes do presente decreto -lei;
Creio que para bom entendedor, meia palavra bastará para saber onde vai acabara história da organização dos campeonatos.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Diferenças de Comunicação

Ontem foi dia de apresentações em Manchester e na Luz.
E se em Inglaterra, nos estamos a referir ao 7º classificado da Premier League do ano passado, mas que é ao mesmo tempo, o clube mais ganhador dos últimos 20 anos, em Portugal, estamos a falar do clube que foi campeão a época passada, mas que nos últimos 20 anos, ganhou 4 campeonatos.

E o que é que esta introdução representa? A forma de um clube comunicar e apresentar os seus melhores activos. No caso do Manchester United, o treinador Louis Van Gaal. No caso do Benfica, o avançado Derley, segundo melhor marcador do campeonato português na época transacta.





As duas fotografias são a imagem perfeita de como deve ser cuidada a apresentação de um activo de um clube de futebol, nos dias de hoje.

Se olharmos para a fotografia de Van Gaal, reparamos que o mesmo tem por trás um "photo shooting" claramente identificado com o símbolo do clube, um dos seus patrocinadores e a marca das camisolas, assim como a presença de um membro do Board do clube inglês. No fundo, a imagem mostra o compromisso do clube para com o treinador, mostrando que é uma aposta segura do mesmo e que a confiança nele depositada é grande e merecedora dessa mesma confiança.

Ao olharmos para a fotografia de Derley, notamos que o "photo shooting" é de um dos patrocinadores do clube, mas que a referência ao mesmo é praticamente inexistente, aparecendo apenas o jogador com os dois polegares levantados, num sinal de confiança e alegria na sua futura carreira ao serviço do clube. Não existe uma única referência ao clube, seja através de um símbolo ou da presença de um membro técnico (fosse ele director ou treinador).

As diferenças são notórias e mostram como se pensa e se executa a comunicação neste caso tão simples como uma apresentação de um activo de um clube de futebol. E se pensarmos só olhando para duas fotografias em que o assunto é similar, conseguimos perceber a diferença porque é que uma Liga gere biliões de libras em direitos televisivos e a outra anda desesperadamente à procura de uns míseros milhões de euros para organizar uma competição.

O que isto quer dizer é que se nem os próprios clubes têm esta noção e ideia de que é necessário transmitir o compromisso que têm com os seus sócios e adeptos, utilizando a comunicação e as ferramentas ao dispor para tal, não se pode esperar que as organizações que tutelam as competições também o façam.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Uma Guerra?

O anúncio que o FC Porto fez para promover o seu lugar anual junto dos sócios e simpatizantes do clube parece tudo, menos um anúncio para um lugar no campo de futebol.

Para além da assinatura final do vídeo ("Não é um lugar, é um posto de combate"), todo o vídeo faz referências a um qualquer filme de Hollywood protagonizado por um Chuck Norris, um Arnold Schwarzeneeger ou um Steven Seagall. Para além disso, a alusão a um segurança do estádio, a um técnico de manutenção misturados com o som de tiros não é propriamente o melhor cartão de visita que se possa dar do clube que mais ganhou nestes últimos 20 anos.

O vídeo é este:




Bem diferente da acção de marketing deste último fim-de-semana em que encheram a rua Cândido dos Reis para a apresentação dos equipamentos junto dos adeptos, ou do vídeo do primeiro dia de treinos do clube no Olival:




O que está aqui em causa são os termos utilizados para uma campanha de angariação de lugares no estádio. Os jogos de futebol são uma "guerra" (usando termos como a estratégia e a táctica), mas dentro do campo. Cá fora, só o apoio conta. Não são precisos "tiros"...

domingo, 6 de julho de 2014

Manchester United e Chevrolet (update)

A Chevrolet assinou um contrato com o Manchester United, no valor de 23 milhões por ano, até 2021, para ser a marca patrocinadora da camisola dos Red Devils.

A substituição da AON faz com que o Manchester United tenha uma receita de quase 140 milhões de euros, no acordo assinado que vale por 7 anos.

A semana passada, a Chevrolet e o Manchester United lançaram um vídeo de promoção a antecipar o que poderá ser a nova camisola. Um vídeo que começa no início da fundação do clube até aos nossos dias:


 

Uma presença simples dos principais jogadores do clube como Giggs, Rooney, Van Persie, Mata e De Gea, junto de adeptos, faz com que o produto seja reconhecido e a relação entre jogadores / adeptos tenha sentido.

A apresentação da camisola está apontada para esta semana.

UPDATE

A camisola foi apresentada hoje e ficou com a seguinte configuração:


O destaque dado à marca é muito grande, mas quem paga 23 milhões de euros por ano, pode-se dar a este luxo.