Análise feita com a ajuda de Rui Malheiro (scout)
Longe vão os tempos de Bobby Robson, Alan Shearer, Phillipe Albert, Faustino Aspirilla ou Shay Given. O Newcastle, hoje em dia, é um clube inglês que soube de forma extraordinária aproveitar as mais valias que faz com aquisições de qualidade, nomeadamente em França, abdicando da guerra eterna entre franceses e ingleses.
Depois de ter estado, há duas épocas, a disputar o Championship, o Newcastle recuperou da crise desportiva e com isso aumentou a sua capacidade financeira, já que a desportiva foi uma causa decorrente dessa recuperação.
Alan Pardew está há três anos a comandar o Newcastle, depois de ter andado pelo West Ham, Southampton ou Crystal Palace. Conseguiu a subida de divisão há dois anos e a época passada, ao atingir o surpreendente 5º lugar (que lhe deu acesso à Liga Europa deste ano), foi convidado a renovar o seu contrato no clube inglês por mais 4 anos.
O Newcastle começou a época a jogar num 4-4-2 clássico como sistema de jogo preferencial:
Ruud Krul
Simpson Williamson Coloccini Santon
Ben Arfa Cabaye Tioté Jonas Gutierrez
Ba Cissé
Em Janeiro, Demba Ba foi vendido ao Chelsea por 8,5 M€ e Pardew optou pelo mercado francês e por jogadores, que mesmo não sendo de top europeu, eram-no no campeonato francês: Debuchy (lateral direito), Yanga-Mbiwa (defesa central), Haidara (lateral esquerdo), Sissoko (médio centro) e Gouffran (extremo direito) foram as opções tomadas pelo treinador inglês para reforçar uma equipa, que este ano, está arredada da luta pelas competições europeias e que vê na Liga Europa uma salvação da época.
Cerca de 21,2 M€ investidos em aquisições, que fizeram com que Pardew tivesse de mudar o sistema de jogo do 4-4-2 para o 4-2-3-1, para que aproveitasse o potencial que tem ao seu dispor:
Ruud Krul
Debuchy Taylor Coloccini Santon
Cabaye Tioté
Jonas Gutierrez Sissoko Gouffran
Cissé
Com as lesões graves de Coloccini e Ben Afra e com a proibição de Debuchy e Gouffran, o Benfica poderá ter a vida mais facilitada.
A onda de lesões que afecta o Newcastle nesta altura faz com que Pardew tenha de desenvolver um outro sistema que contemple um reforço maior do meio-campo, em detrimento de homens mais velozes.
Uma das opções poderá passar pela inclusão de Anita (contratado ao Ajax a época passada) no meio-campo, fazendo com que Sissoko jogue ainda mais perto de Cissé e Jonas Gutierrez deambule pelas faixas, fazendo com que o sistema mude para um 4-5-1 ou para um 4-3-2-1. Sylvain Marveaux é outra das hipóteses para jogar numa das faixas, caso seja opção para Pardew.
Na defesa, a ausência de Debuchy abre o lugar a Simpson, assim como Yanga-Mbiwa aproveita a lesão de Coloccini para se ir impondo no competitivo campeonato inglês. Santon lesionou-se ao serviço da selecção de Sub-21 de Itália na última semana e está em dúvida, mas Haidara, depois da lesão ocorrida no jogo frente ao Wigan e que foi amplamente noticiada no mundo inteiro, estará em condições de jogar frente ao Benfica no lado esquerdo da defesa.
Já no ataque, Papiss Cissé é o escolhido, apesar do veterano Shola Ameobi ser o melhor marcador da Liga Europa e de ainda ter no banco o mano mais novo, Sammy Ameobi. Aquando da desvantagem no marcador, Pardew opta muitas vezes pelo 4-4-2, retirando um dos médios.
Nesta Liga Europa, o Newcastle, que esteve no grupo do Marítimo e do Bordéus (ex-adversário do Benfica) ficou em 2º lugar do grupo com 2 vitórias, 3 empates e 1 derrota. Na fase a eliminar, a equipa inglesa afastou o Metalist e o Anzhi com 2 vitórias (ambas por 1-0) e dois empates (0-0). Ou seja, em 4 jogos, 2 golos marcados e nenhum sofrido, o que mostra algum calculismo e "manha" no que a eliminatórias diz respeito.
Os pontos fortes deste Newcastle estão portanto, no cinismo e resultadismo que a equipa tem evidenciado nestas últimas eliminatórias da Liga Europa, mas também a intensidade própria do futebol inglês e a sua agressividade, o bom aproveitamento das bolas paradas, a perspicácia de Cissé (um verdadeiro matador na área) e a dinâmica aliada aos passes de ruptura de Cabaye e Sissoko, que tornam a equipa inglesa muito forte nos últimos 25-30 metros.
Quanto a pontos fracos, a sua defesa é lenta, factor que pode ser aproveitado pela velocidade de Salvio, Gaitan e Ola John, mas o facto de jogar muito na expectativa fará com que o Benfica tenha de ser imaginativo na maneira de abordar a fase de construção de jogo. A falta de alternativas no banco poderá também ela, ser uma vantagem para o Benfica.
Será um jogo muito renhido, uma eliminatória muito equilibrada e que terá frente a frente dois estilos totalmente distintos.