sexta-feira, 29 de março de 2013

Newcastle upon Tyne ou a pequena aldeia gaulesa?


 Análise feita com a ajuda de Rui Malheiro (scout)


Longe vão os tempos de Bobby Robson, Alan Shearer, Phillipe Albert, Faustino Aspirilla ou Shay Given. O Newcastle, hoje em dia, é um clube inglês que soube de forma extraordinária aproveitar as mais valias que faz com aquisições de qualidade, nomeadamente em França, abdicando da guerra eterna entre franceses e ingleses.

Depois de ter estado, há duas épocas, a disputar o Championship, o Newcastle recuperou da crise desportiva e com isso aumentou a sua capacidade financeira, já que a desportiva foi uma causa decorrente dessa recuperação.

Alan Pardew está há três anos a comandar o Newcastle, depois de ter andado pelo West Ham, Southampton ou Crystal Palace. Conseguiu a subida de divisão há dois anos e a época passada, ao atingir o surpreendente 5º lugar (que lhe deu acesso à Liga Europa deste ano), foi convidado a renovar o seu contrato no clube inglês por mais 4 anos.

O Newcastle começou a época a jogar num 4-4-2 clássico como sistema de jogo preferencial:

Ruud Krul

Simpson     Williamson      Coloccini      Santon

Ben Arfa     Cabaye       Tioté         Jonas Gutierrez 

Ba     Cissé 


Em Janeiro, Demba Ba foi vendido ao Chelsea por 8,5 M€ e Pardew optou pelo mercado francês e por jogadores, que mesmo não sendo de top europeu, eram-no no campeonato francês: Debuchy (lateral direito), Yanga-Mbiwa (defesa central), Haidara (lateral esquerdo), Sissoko (médio centro) e Gouffran (extremo direito) foram as opções tomadas pelo treinador inglês para reforçar uma equipa, que este ano, está arredada da luta pelas competições europeias e que vê na Liga Europa uma salvação da época.
Cerca de 21,2 M€ investidos em aquisições, que fizeram com que Pardew tivesse de mudar o sistema de jogo do 4-4-2 para o 4-2-3-1, para que aproveitasse o potencial que tem ao seu dispor:

Ruud Krul

Debuchy     Taylor      Coloccini      Santon

     Cabaye       Tioté         

Jonas Gutierrez     Sissoko       Gouffran 

Cissé 




Com as lesões graves de Coloccini e Ben Afra e com a proibição de Debuchy e Gouffran, o Benfica poderá ter a vida mais facilitada. 
A onda de lesões que afecta o Newcastle nesta altura faz com que Pardew tenha de desenvolver um outro sistema que contemple um reforço maior do meio-campo, em detrimento de homens mais velozes. 

Uma das opções poderá passar pela inclusão de Anita (contratado ao Ajax a época passada) no meio-campo, fazendo com que Sissoko jogue ainda mais perto de Cissé e Jonas Gutierrez deambule pelas faixas, fazendo com que o sistema mude para um 4-5-1 ou para um 4-3-2-1. Sylvain Marveaux é outra das hipóteses para jogar numa das faixas, caso seja opção para Pardew.

Na defesa, a ausência de Debuchy abre o lugar a Simpson, assim como Yanga-Mbiwa aproveita a lesão de Coloccini para se ir impondo no competitivo campeonato inglês. Santon lesionou-se ao serviço da selecção de Sub-21 de Itália na última semana e está em dúvida, mas Haidara, depois da lesão ocorrida no jogo frente ao Wigan e que foi amplamente noticiada no mundo inteiro, estará em condições de jogar frente ao Benfica no lado esquerdo da defesa.

Já no ataque, Papiss Cissé é o escolhido, apesar do veterano Shola Ameobi ser o melhor marcador da Liga Europa e de ainda ter no banco o mano mais novo, Sammy Ameobi. Aquando da desvantagem no marcador, Pardew opta muitas vezes pelo 4-4-2, retirando um dos médios.

Nesta Liga Europa, o Newcastle, que esteve no grupo do Marítimo e do Bordéus (ex-adversário do Benfica) ficou em 2º lugar do grupo com 2 vitórias, 3 empates e 1 derrota. Na fase a eliminar, a equipa inglesa afastou o Metalist e o Anzhi com 2 vitórias (ambas por 1-0) e dois empates (0-0). Ou seja, em 4 jogos, 2 golos marcados e nenhum sofrido, o que mostra algum calculismo e "manha" no que a eliminatórias diz respeito.
  
Os pontos fortes deste Newcastle estão portanto, no cinismo e resultadismo que a equipa tem evidenciado nestas últimas eliminatórias da Liga Europa, mas também a intensidade própria do futebol inglês e a sua agressividade, o bom aproveitamento das bolas paradas, a perspicácia de Cissé (um verdadeiro matador na área) e a dinâmica aliada aos passes de ruptura de Cabaye e Sissoko, que tornam a equipa inglesa muito forte nos últimos 25-30 metros.

Quanto a pontos fracos, a sua defesa é lenta, factor que pode ser aproveitado pela velocidade de Salvio, Gaitan e Ola John, mas o facto de jogar muito na expectativa fará com que o Benfica tenha de ser imaginativo na maneira de abordar a fase de construção de jogo. A falta de alternativas no banco poderá também ela, ser uma vantagem para o Benfica.

Será um jogo muito renhido, uma eliminatória muito equilibrada e que terá frente a frente dois estilos totalmente distintos.

A Sul do Nieuwe Mass

O De Kuip está ali, bem perto do Nieuwe Mass, o rio que banha Roterdão, uma das maiores cidades da Holanda. O Feyenoord é o clube principal da cidade e este ano, sob o comando de Ronald Koeman poderá atingir um objectivo que persegue há 14 anos: ser campeão holandês.

Desde 1999 que o Feyenoord apenas ganhou uma Taça holandesa em 2008, numa altura em que tinha jogadores como Giovanni van Bronckhorst, Nuri Sahin, Wijnaldum, Fer e Makaay, orientados por Bert van Marwijk, que depois iria orientar a selecção holandesa no Mundial de 2010 e no Europeu de 2012.

Com a chegada de Koeman o ano passado e aproveitando as condições ímpares que a formação de jogadores holandeses produz, o Feyenoord tornou-se este ano uma das equipas candidatas à Eredivisie.


Para se ter uma ideia de como a formação do Feyenoord influencia o seu estilo de jogo, basta ver que nos dois últimos jogos de qualificação para o Mundial de 2014, Louis Van Gaal convocou 7 jogadores do clube de Roterdão: Stefan de Vrij (21 anos), Daryl Janmaat (23), Bruno Martins Indi (21), Jordy Clasie (21), Tony Vilhena (18) e dois jogadores mais experientes, como Joris Mathijsen (32) e Ruben Schaken (30).

Se o Feyenoord mantiver a base da equipa para os próximos anos, o domínio do futebol nos Países Baixos está assegurado para o clube de Roterdão. No entanto, a dimensão da Eredivisie é demasiada pequena para estes talentos todos e os grandes clubes europeus já andam de olho nas pérolas holandesas do De Kuip. A Fiorentina já fez propostas por Clasie e de Vrij (que com 21 anos, já é capitão do Feyenoord) e Martins Indi já anda no radar de vários clubes da Premier League. No entanto, concentremo-nos em três dos jogadores mais importantes deste Feyenoord: Clasie, Martins Indi e Boetius, segundo Mark van Rijswijk, jornalista do Eredivisie Channel, nosso habitual colaborador.

Na Holanda, muitos comparam Jordy Clasie ao médio do Barcelona, Xavi Hernandez. Não só pelo tamanho, mas também pela capacidade de passe, posse e roubo de bola. Clasie é, neste momento, um meio-campista com uma dinâmica muito própria e especial, com um potencial enorme. A Fiorentina ofereceu cerca de 5,5 M€ pelo jogador holandês, mas se o quiser levar do De Kuip tem de dobrar a oferta, no mínimo.
Clasie não era o melhor talento que tinha chegado à academia do Feyenoord. Todos os anos, os seus treinadores tinham dúvidas acerca do seu talento para jogar à bola, questionando-se mesmo se ele alguma vez chegaria à equipa principal. Até ao ano em que foi emprestado ao Excelsior, em 2010/2011. 
No pequeno clube de Roterdão, Clasie explodiu e o Feyenoord resolveu dar-lhe uma oportunidade na equipa principal. E ao darem-lhe isso, Clasie aproveitou. 
Não importa se joga contra grandes clubes como o Ajax ou pequenos clubes como o Zwolle, já que o seu exemplo é igual em todos os jogos, assim como a sua classe e interesse pela equipa em atingir os objectivos. Quer na conquista de bolas, quer no passe e posse, Clasie é realmente um caso à parte e isso irá garantir-lhe muitas internacionalizações.

Bruno Martins Indi tem uma história muito interessante, especialmente quando olhamos não só para a sua situação no Feyenoord, mas também para a selecção nacional holandesa. Martins Indi nasceu em portugal, no Barreiro, mas mudou-se para a Holanda com três anos de idade. 
Ele poderia ter escolhido também a selecção portuguesa, mas optou pela holandesa. Defesa lateral esquerdo de raíz, na Selecção da Holanda joga a defesa central. 
O mais curioso é que Ronald Koeman no Feyenoord, opta por colocar a jogar a defesa central do lado esquerdo Joris Mathijsen, curiosamente aquele jogador que é preterido na selecção por Indi. 
Em todos os jogos, a pergunta dos jornalistas é sempre a mesma e prende-se com o facto de jogar numa posição no seu clube de origem e noutra posição na selecção holandesa. A grande virtude e vantagem de Indi é que, mesmo jogando nas duas posições, ele é extremamente competente e isso faz com que ele seja um dos nomes apontados para sair na próxima época de Roterdão.

Jean-Paul Boetius teve um grande impacto quando se estreou pelo Feyenoord. Ronald Koemam decidiu dar-lhe a titularidade precisamente no jogo contra o grande rival, Ajax, naquele que é o maior jogo disputado na Holanda. 
Fez a sua estreia como extremo esquerdo, quando só tinha 18 anos e as críticas foram todas positivas para o menino que tinha acabado de se mostrar. Logo no jogo de estreia, defrontou o actual defesa direito titular da selecção holandesa: Ricardo Van Rhijn. O mesmo não conseguiu parar Boetius. Para além de marcar um golo, fez uma exibição de encher o olho.
Estávamos em Outubro de 2012 e quando todos pensavam que a forma de Boetius iria abrandar, o extremo holandês continuou a jogar a um nível bastante alto. Todos os defesas direitos que jogam no campeonato holandês têm tido dificuldades em parar o seu jogo e quem tem favorecido imenso com o jogo é o Feyenoord e a sua referência no ataque, o italiano Graziano Pelle. Sobre a estreia do menino holandês, o italiano foi taxativo: "Quando Ronald Koeman anunciou no balneário que o Jean-Paul iria ser titular contra o Ajax, eu pensei que ele estava a brincar. Em Itália, ninguém com essa idade é lançado num jogo importante, como o Jean-Paul foi. Mas ainda bem, já que ele tem provado em todos os jogos, o quanto Koeman estava certo naquele dia.

Estes três exemplos do Feyenoord de hoje em dia são o exemplo de que não tem de haver problema em apostar nos jovens jogadores, se eles tiverem valor para tal. Nem que para com isso, tenham de ir parar a clubes mais pequenos para se desenvolverem e evoluirem como deve ser. É tudo uma questão de racionalidade e cultura desportiva, algo que é tão forte nuns países e noutros nem por isso...



quarta-feira, 27 de março de 2013

Football Money League. Manchester United.

O Manchester United é o terceiro classificado nesta lista da Deloitte e é o clube que melhor consegue dividir as receitas. Se olharmos para a divisão das receitas e para a sua importância no clube, temos o seguinte:

- Merchandising (37%)
- Direitos TV (32%)
- Bilheteira (31%)

O Manchester United consegue quase uma divisão perfeita das suas receitas, o que mostra que o foco profissional do clube mantém-se inalterado. Aliás, a grande diferença dos clubes espanhóis para os restantes são mesmo os valores quase "pornográficos" dos Direitos de TV, que fazem com que a distância seja maior do que seria, se os valores em Espanha fossem similares ao resto da Europa.

Os 145,4 M€ que o Mancehster United arrecadou em receitas comerciais na época 2011/2012 devem-se sobretudo a três vertentes importantes: o acordo com a DHL para a sponsorização do equipamento de treino (negócio avaliado em 10M£ / ano); negócios com os novos meios de media e internet (20 m£) e o acordo com a Chevrolet para o patrocínio da camisola, onde sete anos representam cerca de 357M £.Ou seja, os vectores que transmitem visibilidade ao clube, são os que mais geram receitas, como é o caso das camisolas, dos fatos de treino e das aplicações móveis (cada vez mais uma tendência generalizada).

No que aos direitos de TV diz respeito, o Manchester United recebeu cerca de 128,5 M€, o que é um decréscimo de cerca de 11%, relativamente à época anterior, já que o clube inglês foi para a Liga Europa (tendo sido eliminado da Champions League pelo Benfica e Basileia) e depois foi eliminado na Liga Europa pelo Athletic Bilbao, finalista vencido da competição. Com isso, os lucros e distribuição dos dinheiros da UEFA diminuiu, tendo em conta que no ano anterior (2010/2011) tinha chegado ao final da Champions League, perdendo para o Barcelona por 3-1.

A audiência média de 75,387 espectadores em Old Trafford na época 2011/2012 foi ligeiramente aumentada relativamente ao ano anterior, o que permitiu um aumento de 100 mil libras por jogo, mas como foram disputados menos jogos no "Teatro dos Sonhos", o valor total diminuiu cerca de 11% para os 122 M€.

Apesar de ter aumentado os valores totais de receitas dos 367 M€ para os 396 M€, nota-se que a época 2011/2012 foi para o Manchester United muito mais proveitosa nos corredores do que nos campos de futebol. Os acordos alcançados para os patrocínios são a prova de que, muitas vezes, a notoriedade do clube é mais do que suficiente para se arranjar bons negócios, independentemente da sua prestação desportiva. O decréscimo nas receitas de TV e nas receitas de bilheteira são a consequência dessa má época desportiva. No entanto, serão valores que este ano tomarão outro resultado, uma vez que o Manchester United está perto de se sagrar campeão inglês, e apesar de ter sido eliminado da Champions League pelo Real Madrid, já conseguiu mais nesta presença nos oitavos-de-final do que na carreira da época de Liga Europa.

A manutenção do 3º lugar deverá ser assim uma realidade no próoimo ano da Deloitte Football Money League.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Football Money League. Barcelona.

O FC Barcelona é, a exemplo das quatro épocas anteriores, o segundo clube do Mundo com mais receitas geradas. Sempre atrás do Real Madrid, os dois grandes clubes espanhóis beneficiam muito do contrato assinado com a Mediapro sobre a gestão dos direitos televisivos, sendo esta uma situação que é claramente diferenciadora na questão da capacidade de adquirir receita aquém dos outros clubes.

Também o "Barça" aumentou as suas receitas de 2010/2011 para 2011/2012 em 7%, tendo encaixado cerca de 483 M€, consumados na conquista da Taça do Rei, da Supertaça Espanhola e do Campeonato do Mundo de Clubes, fechando assim a epopeia de Pep Guardiola como treinador do clube, ao atingir o 14º troféu, num total de 18 possíveis.

A diferença de 30 M€ entre o clube catalão e o Real Madrid é difícil de diminuir, apesar do Barcelona, ao longo dos anos, ter vindo a melhorar a sua percepção global e mundial no que ao futebol diz respeito, com a conquista dos vários títulos da era Guardiola. O próprio reconhecimento de Leo Messi como melhor jogador do Mundo tem catapultado o nome do clube da cidade condal para patamares que ainda não tinha atingido, mas mesmo assim, a diferença de valores de receitas continua praticamente o mesmo (entre os 30 e os 40 M€) ao longo destes últimos 5 anos.

Em termos gerais, a distribuição dos valores de receitas foi o seguinte:
- Merchandising - 186,9 M€
- Bilheteira - 116,3 M€
- Direitos TV - 179,8 M€

A parte de merchandising foi a que mais cresceu nos últimos anos no Barcelona. Só nos últimos dois houve um crescimento de cerca de 53%, e a última época, cerca de 30,6 M€ contribuíram para que esta parte das receitas fosse das mais lucrativas do clube catalão. Não é de espantar que o recente acordo com o Qatar (no valor de 30 M€ anuais), onde o nome da Qatar Foundation é substituído pelo nome da Qatar Airways teve o seu enorme peso. Fora isso, toda a marca Barcelona é muito bem aproveitada, não só na capital da Catalunha, mas também em países onde a marca é extremamente conhecida e onde vai nas suas excursões de pré-época. Lembro-me de que, em 2007, foi-me dito na altura pelo director de Marketing do clube, que o Barça cobrava, só para fazer um jogo amigável, cerca de 2 M€, fora o restante gasto com deslocações, hóteis e afins. Com o manancial de títulos que conquistou entretanto, esse valor deve ter aumentado substancialmente, entrando assim também nestas contas do merchandising.


No que à bilheteira diz respeito, também houve um aumento de 5%, sendo agora, na lista da Deloitte o quarto clube com maior valor de bilheteira. Apesar de ter disputado o mesmo número de jogos em casa do que na época anterior, o aumento dos preços dos bilhetes é a razão plausível para que  esse aumento de mais 5 M€ tenha acontecido, uma vez que o número médio de assistência em Camp Nou diminuiu para os 75,069 espectadores (na época anterior tinha sido de 79,000).

Quanto aos Direitos de TV, houve um ligeiro decréscimo de 3,9 M€, muito em parte devido à saída nas meias-finais da Champions League, o que representa um menor encaixe financeiro por parte da UEFA. Só em competições europeias, foram cerca de 11 M€ a menos. Conseguiram fazer um encaixe maior nas competições nacionais (como é o caso da Taça).

A diferença já acima referida de 30 M€ para o Real Madrid poderá ser reduzida este ano, caso o Barça vá longe na Chmapions League, uma vez que parece que tem a Liga Espanhola já garantida. Se entrentanto, continuar a aumentar a parte de merchandising ao mesmo ritmo dos últimos dois anos, então teremos uma redução ainda maior. Tudo estará dependente do que o resto da época do Barcelona trará. Esperemos para ver.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Patrocínio de Camisolas - Inglaterra

Na FC Business Magazine deste mês (disponível para quem se registar no site), saiu um artigo sobre a percepção que os adeptos ingleses têm dos patrocinadores dos clubes que disputam a Premier League.

O quadro mais abaixo é o resultado do inquérito realizado pela BDRC Continental e foram inquiridos cerca de 1500 adeptos de futebol no Reino Unido:


Vários pontos a reter:

- Os primeiros quatro clubes percepcionados pelos adeptos são os clubes que participaram este ano na edição da Champions League (Arsenal, Man City, Chelsea e Man Utd)

- Em quinto lugar surge o Norwich e o seu patrocinador, a Aviva. Este resultado é alcançado porque a percepção que as pessoas em Inglaterra têm da Aviva é que a mesma se situa em Norwich, e por isso, associam a marca ao seu local de origem e neste caso, ao clube local. Isto mostra que as marcas que investem no futebol, não olham só para o mercado global, como as marcas dos grandes clubes, mas que a importância que é dada ao mercado local é também ele fundamental.

- Clubes como o Tottenham, o Sunderland e o Aston Villa não têm os seus patrocinadores muito percepcionados. Isto deve-se ao facto das marcas não serem conhecidas, nem terem como "core business" o grande público. Patrocínios nos valores de 10 M£ (no caso da Aurasma - Tottenham) ou de 20 M£ (no caso da Invest in Africa - Sunderland) representam em termos de percepção, 11 e 15% aos olhos dos adeptos. 

- O que se passa com os clubes em Inglaterra, e no caso das camisolas e do seu patrocínio, é que os investidores olham para as equipas como um veículo de transmissão da sua marca e imagem. Nuns casos são bem sucedidos. Noutros, o investimento efectuado poderá não ter o retorno de investimento esperado. 

Em jeito de conclusão, e olhando para os números, a totalidade dos patrocínios de camisolas nos clubes da Premier League ascende aos 145 M£ / ano (cerca de 167 M€). Este estudo sobre a percepção dos adeptos relativamente aos patrocinadores dos clubes mostra que nem sempre quem investe mais, consegue lucrar mais. E mesmo assim, o investimento que é feito, fica sempre dependente das classificações que cada clube alcança. 

A título de exemplo, se olharmos para o Swansea, que com 1,1 M£ / ano de patrocínio para o 32 Red (Apostas Online de Casinos), notamos que a percepção que os adeptos têm em identificar o patrocínio ao clube faz com que o próprio patrocinador tenha de identificar as suas ligações aos mercados potenciais de clientes. Note-se que o Swansea este ano, já ganhou a Taça da Liga Inglesa. Essa conquista deveria ter sido mais bem aproveitada pelos diferentes patrocinadores, e pelo resultado do estudo, isso não aconteceu.

Para os clubes, o patrocínio das camisolas é mais uma fonte de rendimento, e os mesmos, usando o seu historial e conquistas, conseguem atingir valores verdadeiramente astronómicos. Quanto aos patrocinadores, compete aos mesmos, ver qual é a melhor forma de passar o seu nome. O exemplo Aviva é o melhor.
































































































































































segunda-feira, 11 de março de 2013

Football Money League. Real Madrid

Pelo oitavo ano consecutivo, o Real Madrid é o clube de futebol que mais receitas gera no mundo. E pela primeira vez, na época passada, o clube espanhol superou a barreira dos 500 milhões de euros.

De há 5 anos para cá, os valores de receitas do Real Madrid foram sempre em crescendo. Vejamos:

2008 - 366 M€ (Vencedor da Liga Espanhola, Oitavos-final da Champions League, Oitavos-final da Taça de Espanha)

2009 - 401 M€ (2º Classificado da Liga Espanhola, Oitavos-final da Champions League, 4ª ronda da Taça de Espanha)

2010 - 439 M€ (2º Classificado da Liga Espanhola, Oitavos-final da Champions League, 4ª ronda da Taça de Espanha) - Entrada de Cristiano Ronaldo no clube

2011 - 480 M€ (2º Classificado da Liga Espanhola, Meias-finais da Champions League, Vencedor da Taça de Espanha) - Entrada de José Mourinho no clube

2012 - 513 M€ (Vencedor da Liga Espanhola, Meias-finais da Champions League, Quartos-final da Taça de Espanha)

Como é que um clube que em 5 anos ganha dois campeonatos e uma taça consegue atingir estes números e estas proporções em termos de receitas? Mediatismo, história ou gestão?

Digamos que uma mistura das três. O Real Madrid é um dos clubes mais titulados da Europa e o mais titulado de Espanha. A conquista incessante pela 10ª Champions tem sido um critério e um objectivo ao longo dos anos, desde a vitória frente ao Bayer Leverkusen, em 2002. Não foi à toa, que em 2011, o clube madrileno resolveu contratar José Mourinho para atingir esse objectivo que persegue, e que o português conquistou no Santiago Bernabéu, com o Inter de Milão. A história favorece os madrilenos, quanto mais não seja pelos cinco títulos conquistados e pela "imponência" própria criada pelo clube nos anos 50/60, que depois se foi desenvolvendo ao longo dos anos.

No que ao mediatismo diz respeito, ter jogadores no clube como Zidane, Figo, Roberto Carlos, Ronaldo, Beckham, Cristiano Ronaldo e Raúl, só para citar alguns mostra não só o poderio financeiro do clube, mas também a forma de pensar o negócio, desde que Florentino Pérez assumiu o clube, no final da década de 90. Uma visão estratégica que visava a contratação de estrelas, para assim obter o retorno esperado, em resultados e em investimento.

Por fim, a gestão. E é nesse campo que o Real Madrid tem investido. Não só com as contratações mundiais (Cristiano Ronaldo é um fenómeno à escala mundial), mas também com uma rede de investimentos, onde as tourneés asiáticas são um bom exemplo, como iremos ver nos resultados da época. A própria estrutura do clube se tornou mais profissional, pronta a responder aos desafios do futebol moderno, visando também a componente de negócio que está adjacente a um simples pontapé na bola.

Estes três grandes vectores moldaram o Real Madrid, tornando-o no clube com mais receitas no Mundo. Na época 2011/2012, o Real Madrid foi campeão espanhol totalizando 100 pontos (recorde), marcando 121 golos e vencendo 32 dos 38 jogos que compõem a liga espanhola.

Olhando com maior precisão para a distribuição das receitas, temos o seguinte:

- Bilheteira - As receitas de bilheteira do Real Madrid aumentaram 2,6 M€, cifrando-se nos 126,2 M€. A anunciada reestruturação do Santiago Bernabéu fará com que as receitas aumentem ainda mais, já que a capacidade do estádio também vai aumentar. Com esse aumento da capacidade, quer os fans, quer os parceiros "corporate" terão mais e melhores soluções para poderem ver os jogos do Real Madrid no Bernabéu.

- Direitos de TV - O Real Madrid tem contrato com a Mediapro (curiosamente, uma empresa catalã) até 2014/2015. Em 2011/2012, os direitos adquiridos com a Mediapro, juntando os direitos dos jogos da Champions League e os amigáveis (disputados em locais como a China, o Kuwait ou os EUA) traduziram-se num aumento de 15,7 M€ (cerca de 9% em relação ao ano passado) para um total de 199,2 M€.

- Merchandising - Também aqui, o aumento foi considerável. Cerca de 9%, que representam 14,8 M€ adicionais, prefazendo um total de 187,2 M€. Para este valor contribuíram, além da venda das camisolas e de todo o material promocional do clube, os recentes acordos fechados pelo clube com a Emirates Airlines e com o BBVA. A força negocial do clube faz com que os negócios sejam feitos com marcas globais (a título de exemplo, a BBVA é uma das marcas oficiais da NBA). Para além disso, também foi assinado um novo acordo com a Adidas para a questão dos equipamentos até à época de 2019/2020 e no final desta época, será anunciado o novo patrocinador da camisola, uma vez que acaba o contrato com a Bwin.

Tudo isto são razões para que no próximo ano, e apesar de, nesta altura, a conquista do campeonato ser uma miragem, o Real Madrid se mantenha como líder da Football Money League, já que está bem encaminhando na Champions League e pode vir a ganhar mais uma Taça do Rei, além do projecto de expansão do Bernabéu. Tudo factores que potenciam ainda mais o maior clube espanhol.