O De Kuip está ali, bem perto do Nieuwe Mass, o rio que banha Roterdão, uma das maiores cidades da Holanda. O Feyenoord é o clube principal da cidade e este ano, sob o comando de Ronald Koeman poderá atingir um objectivo que persegue há 14 anos: ser campeão holandês.
Desde 1999 que o Feyenoord apenas ganhou uma Taça holandesa em 2008, numa altura em que tinha jogadores como Giovanni van Bronckhorst, Nuri Sahin, Wijnaldum, Fer e Makaay, orientados por Bert van Marwijk, que depois iria orientar a selecção holandesa no Mundial de 2010 e no Europeu de 2012.
Com a chegada de Koeman o ano passado e aproveitando as condições ímpares que a formação de jogadores holandeses produz, o Feyenoord tornou-se este ano uma das equipas candidatas à Eredivisie.
Para se ter uma ideia de como a formação do Feyenoord influencia o seu estilo de jogo, basta ver que nos dois últimos jogos de qualificação para o Mundial de 2014, Louis Van Gaal convocou 7 jogadores do clube de Roterdão: Stefan de Vrij (21 anos), Daryl Janmaat (23), Bruno Martins Indi (21), Jordy Clasie (21), Tony Vilhena (18) e dois jogadores mais experientes, como Joris Mathijsen (32) e Ruben Schaken (30).
Se o Feyenoord mantiver a base da equipa para os próximos anos, o domínio do futebol nos Países Baixos está assegurado para o clube de Roterdão. No entanto, a dimensão da Eredivisie é demasiada pequena para estes talentos todos e os grandes clubes europeus já andam de olho nas pérolas holandesas do De Kuip. A Fiorentina já fez propostas por Clasie e de Vrij (que com 21 anos, já é capitão do Feyenoord) e Martins Indi já anda no radar de vários clubes da Premier League. No entanto, concentremo-nos em três dos jogadores mais importantes deste Feyenoord: Clasie, Martins Indi e Boetius, segundo Mark van Rijswijk, jornalista do Eredivisie Channel, nosso habitual colaborador.
Na Holanda, muitos comparam Jordy Clasie ao médio do Barcelona, Xavi Hernandez. Não só pelo tamanho, mas também pela capacidade de passe, posse e roubo de bola. Clasie é, neste momento, um meio-campista com uma dinâmica muito própria e especial, com um potencial enorme. A Fiorentina ofereceu cerca de 5,5 M€ pelo jogador holandês, mas se o quiser levar do De Kuip tem de dobrar a oferta, no mínimo.
Clasie não era o melhor talento que tinha chegado à academia do Feyenoord. Todos os anos, os seus treinadores tinham dúvidas acerca do seu talento para jogar à bola, questionando-se mesmo se ele alguma vez chegaria à equipa principal. Até ao ano em que foi emprestado ao Excelsior, em 2010/2011.
No pequeno clube de Roterdão, Clasie explodiu e o Feyenoord resolveu dar-lhe uma oportunidade na equipa principal. E ao darem-lhe isso, Clasie aproveitou.
Não importa se joga contra grandes clubes como o Ajax ou pequenos clubes como o Zwolle, já que o seu exemplo é igual em todos os jogos, assim como a sua classe e interesse pela equipa em atingir os objectivos. Quer na conquista de bolas, quer no passe e posse, Clasie é realmente um caso à parte e isso irá garantir-lhe muitas internacionalizações.
Bruno Martins Indi tem uma história muito interessante, especialmente quando olhamos não só para a sua situação no Feyenoord, mas também para a selecção nacional holandesa. Martins Indi nasceu em portugal, no Barreiro, mas mudou-se para a Holanda com três anos de idade.
Ele poderia ter escolhido também a selecção portuguesa, mas optou pela holandesa. Defesa lateral esquerdo de raíz, na Selecção da Holanda joga a defesa central.
O mais curioso é que Ronald Koeman no Feyenoord, opta por colocar a jogar a defesa central do lado esquerdo Joris Mathijsen, curiosamente aquele jogador que é preterido na selecção por Indi.
Em todos os jogos, a pergunta dos jornalistas é sempre a mesma e prende-se com o facto de jogar numa posição no seu clube de origem e noutra posição na selecção holandesa. A grande virtude e vantagem de Indi é que, mesmo jogando nas duas posições, ele é extremamente competente e isso faz com que ele seja um dos nomes apontados para sair na próxima época de Roterdão.
Jean-Paul Boetius teve um grande impacto quando se estreou pelo Feyenoord. Ronald Koemam decidiu dar-lhe a titularidade precisamente no jogo contra o grande rival, Ajax, naquele que é o maior jogo disputado na Holanda.
Fez a sua estreia como extremo esquerdo, quando só tinha 18 anos e as críticas foram todas positivas para o menino que tinha acabado de se mostrar. Logo no jogo de estreia, defrontou o actual defesa direito titular da selecção holandesa: Ricardo Van Rhijn. O mesmo não conseguiu parar Boetius. Para além de marcar um golo, fez uma exibição de encher o olho.
Estávamos em Outubro de 2012 e quando todos pensavam que a forma de Boetius iria abrandar, o extremo holandês continuou a jogar a um nível bastante alto. Todos os defesas direitos que jogam no campeonato holandês têm tido dificuldades em parar o seu jogo e quem tem favorecido imenso com o jogo é o Feyenoord e a sua referência no ataque, o italiano Graziano Pelle. Sobre a estreia do menino holandês, o italiano foi taxativo: "Quando Ronald Koeman anunciou no balneário que o Jean-Paul iria ser titular contra o Ajax, eu pensei que ele estava a brincar. Em Itália, ninguém com essa idade é lançado num jogo importante, como o Jean-Paul foi. Mas ainda bem, já que ele tem provado em todos os jogos, o quanto Koeman estava certo naquele dia."
Estes três exemplos do Feyenoord de hoje em dia são o exemplo de que não tem de haver problema em apostar nos jovens jogadores, se eles tiverem valor para tal. Nem que para com isso, tenham de ir parar a clubes mais pequenos para se desenvolverem e evoluirem como deve ser. É tudo uma questão de racionalidade e cultura desportiva, algo que é tão forte nuns países e noutros nem por isso...

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