domingo, 15 de agosto de 2010

Liverpool x Arsenal

Liverpool e Arsenal começaram este fim-de-semana a disputa da English Premier League e a jogar um contra o outro. Em Inglaterra, ainda não há limitações que façam o bem do espectáculo, como se argumenta em Portugal.
Talvez seja daí a principal diferença entre uma liga e outra.
Diferenças também as há entre as duas equipas, com o Arsenal a privilegiar a posse de bola e as fases de construção de ataque da equipa.
O Liverpool ficou mais exposto ao velho estilo inglês do "kick and rush" i
mplementado por Roy Hodgson.






Olhando para a disposição táctica das equipas, notamos que o Liverpool jogou num 4-4-1-1 a defender, mas que a atacar, os extremos eram os avançados Jovanovic (ex-Standard Liége) e Dirk Kuyt, que apoiavam David N'Gog. A "10" jogava Joe Cole, suportado por Gerrard e Mascherano no meio-campo. Na defesa, Glen J
ohnson na direita, Daniel Agger na esquerda, Carragher e Skrtel no centro. A baliza, como sempre, entregue a Pepe Reina.
Defendendo, o Liverpool deixava os supostos extremos baixarem no terreno, formando duas linhas de 4 homens (meio-campo e defesa), espreitando Cole o contra-ataque e deixando N'Gog na marcação zonal aos dois defesas-centrais.

O Arsenal jogou num esquema 4-2-3-1, com Almunia na baliza, Sagna e Clichy nas alas, Vermaelen e o estreante Koscielny (ex-Lorient). Diaby e Wilshere assumiam as despesas do centro do terreno, com Nasri no papel de organizador de jogo. Eboué jogava como médio-direito, Arshavin na esquerda e Chamakh (ex-Bordéus) era o avançado centro.

Olhando para o jogo, tivémos um Arsenal que quis sempre ter a bola para jogar e fez disso a sua melhor arma, não aproveitando contudo o espaço entre linhas. Na primeira parte, houve poucas oportunidades de golo e o jogo foi muito estudado. O principal motivo foi a expulsão de Cole, numa entrada junto à linha de fundo sobre Koscielny, reduzindo assim o Liverpool a 10 homens para a segunda parte.

E é na segunda parte que o jogo ganha outra dinâmica quando N'Gog marca o golo do Liverpool, aproveitando uma perda de bola, à entrada da área.
Wenger opta por uma dupla substituição, tirando Eboué e Wilshere e fazendo entrar Walcott e Rosicky, tentando dar uma maior profundidade ao futebol do Liverpool. Walcott colocou-se ao lado de Chamakh e Rosicky foi para extremo-direito, usando assim um 4-4-2 clássico.

O Arsenal continuava a carregar e o Liverpool a defender e a retirada de Jovanovic para entrar Maxi Rodriguéz queria provar isso mesmo. Entretanto, Wenger volta a mexer e coloca Van Persie no lugar de Diaby, dando o meio-campo do Arsenal a Rosicky e a Nasri. Sem nenhuma unidade defensiva do meio-campo para a frente, era notório o interesse do Arsenal em ganhar o jogo.

Este Arsenal até poderá ser conhecido pelo seu futebol simples, prático, rendilhado, de encher o olho, mas não chega para ganhar os jogos. Tem sido essa a tendência nos últimos anos da equipa de Wenger. Um futebol bonito, pensado, útil, mas sem o devido aproveitamento.

No desespero de defender, Hodgson lança Torres para o lugar de N'Gog e com uma saída temporária de Agger, coloca-o na esquerda a defender e a ser o primeiro homem a sair para o ataque, através de lançamentos longos. Mas o Arsenal, com Rosicky no meio, aproveitou melhor a circulação de bola e começou a criar oportunidades. Através de um erro de Reina, os "gunners" chegaram ao golo e assim conquistaram um ponto.

Jogo dividido, sem muito sal, mas condimentado pelo início de época e pela forma de jogar de ambas as equipas. Liverpool sempre na expectativa. Arsenal a querer impor o ritmo do jogo. Veremos o futuro....





segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Bordéus 2010/2011


O Bordéus apresentou-se ontem, na Liga Francesa, com uma derrota frente ao Montpelier, a equipa sensação da época transacta.
Um treinador novo (Jean Tigana), uns quantos reforços e algumas saídas e notamos que o Bordéus terá de mudar e muito o seu estilo de jogo, se quiser chegar aos patamares da equipa de Blanc que ganhou o campeonato em 2009.
As principais contratações para esta época foram as de Floyd Ayité, talentoso extremo que jogava no Nancy, Olimpa, guarda-redes do Angers e ainda Vujadin Savic, defesa do Estrela Vermelha. Registo ainda para o regresso do médio Ducasse, que estava emprestado ao Lorient.
A principal saída da equipa de Tigana tem a ver com a passagem de Marouane Chamakh para o Arsenal. O Bordéus perdeu uma referência na área e poderá ter de refazer o seu esquema táctico por isso mesmo. Placente foi outra das saídas, mas como já está na sua curva descendente, Trémoulinas será um substituto à altura, devido também à sua polivalência.



No encontro de ontem, Tigana optou por um 4-2-3-1, onde Gourcuff tem o papel principal de dinamizador de jogo, bem apoiado nas linhas por Gouffran e Wendel, que já passou pelo Nacional da Madeira.
Cavenaghi surgiu sozinho na frente de ataque. O argentino rende mais com um colega ao lado, e por isso é normal que ontem não tenha tido o rendimento esperado.
No meio-campo, Plasil e Sané funcionavam como tampões para uma defesa remendada com dois médios defensivos no lugar de centrais (Fernando e Diarra).
As laterais estavam entregues a Trémoulinas (na esquerda) e Savic (na direita).
Muitas preocupações para Tigana, no início de época.

O principal problema deste Bordéus é que joga muito para Gourcuff. É normal que as equipas procurem sempre o seu melhor jogador, mas cair em rotina torna o jogo demasiado previsível para quem está a defender e isso pesa no esquema ofensivo.

Uma maior complementaridade entre os 4 homens da frente é necessária, para que qualquer um deles possa resolver o problema. E para isso, é necessária uma dinâmica de equipa, que o Bordéus ontem demorou a mostrar.

Olhando para o plantel do Bordéus, vemos que há matéria suficiente para andar nos lugares da frente, sobretudo se olharmos para nomes como Saivet, Bellion, Ciani, Henrique e até Jussiê. São jogadores experientes e pertencem a um grupo que já foi vencedor.

Tigana terá trabalho, mas sem isso, não há campeões.


sábado, 7 de agosto de 2010

Supertaça - Resumo

Benfica e FC Porto disputaram a Supertaça, em Aveiro. O Benfica apresentou o mesmo esquema que lhe permitiu ganhar o campeonato o ano passado, mas com a ausência de duas pedras fundamentais: Javi Garcia e Ramires. Se a presença do espanhol permite a David Luiz a subida no terreno, para a criação de desequilíbrios e respectiva compensação, a ausência do brasileiro veio provar que a sua substituição será muito difícil de acontecer, porque as transições defensivas da equipa eram efectuadas por Carlos Martins, que não tem a mesma eficácia, nem a mesma cultura táctica.
Quanto ao resto, Coentrão conseguiu substituir Di Maria a espaços, mas as constantes trocas com César Peixoto deixaram o "caxineiro" sempre em dúvida se estaria a jogar a médio ou a defesa esquerdo.
Cardozo foi um mero espectador e Airton pareceu claramente nervoso e com medo de errar.








Já o FC Porto apresentou-se no seu sistema habitual 4-3-3, com o meio-campo bem mais criativo com a presença de João Moutinho e de Beluschi, bem coadjuvados por Varela e Fernando. Hulk e Falcao estavam entregues a missões bem mais ofensivas. Álvaro Pereira era um dos municiadores do ataque, restando a Maicon, Rolando e Sapunaru as tarefas mais defensivas, ou pelo menos, mais retraídas.



















O jogo começou praticamente com o golo do FC Porto, na marcação de um canto, e com um desvio de Ruben Amorim, Rolando aproveitou para fazer o golo. Muita gente fala das mãos de Roberto, mas nenhum guarda-redes do Mundo com um adversário a 2 metros consegue ter tempo de reacção para desviar a bola. Quem nunca jogou que diga o contrário.
O Benfica (e Jorge Jesus) pecou por ter alterado o esquema com que se tinha dado tão bem na pré-época, para além do facto de termos tido um Airton muito nervoso no início do jogo, e logo ele, que ocupa uma posição fulcral para o jogo encarnado.
O FC Porto exercia uma pressão alta, e com maior criatividade no meio-campo asfixiava o Benfica, que não conseguia sair a jogar e a construir jogo, sendo que a maioria da primeira fase de construção ofensiva encarnada era feita por Luisão, através de passes longos para Saviola ou Fábio Coentrão.
A falta de Ramires sentia-se e Varela tinha liberdade para fazer o que queria de Ruben Amorim. A par da maior agressividade sobre a bola, o FC Porto encontrava sempre linhas de passe para os corredores laterais ofensivos (cobertura defensiva deficitária?) e com isso criava mais oportunidades de perigo.
O Benfica raramente saía com a bola controlada da sua grande área, devido a essa pressão imposta pelo FC Porto. Só a partir da meia-hora, se começou a ver alguma coisa do Benfica do ano passado, a explorar o espaço entre linhas, com as movimentações de Saviola, sempre na procura de espaços para as laterais (com maior predominância sobre a esquerda, aproveitando a má cobertura de Hulk e as falhas defensivas de Sapunaru).

Com o intervalo, pensava-se que alguma coisa iria mudar, mas não. Aimar continuou manietado por Fernando e Moutinho (excelente trabalho de sapa), Cardozo pouco ou nada se mexia em busca de oscilações e os passes verticais no corredor central feitos por Sidnei e Airton favoreciam o povoamento do FC Porto na zona. Aliás, era Sidnei que fazia a primeira fase de construção de jogo do Benfica, o que denota alguma falta de organização no planeamento ofensivo da equipa.

O FC Porto, sempre preocupado em ocupar espaços defensivos, e pronto a soltar o contra-ataque deu uma estocada final num 1x1 entre Varela e Luisão que Falcao aproveitou no centro da área benfiquista para o 2-0.
A entrada de Jara fez com que Saviola fosse para 10, mas as soluções que o argentino tentava encontrar, não tinham seguimento com os restantes jogadores de equipa.

Até final do jogo, o FC Porto limitou-se a gerir o espaço e a táctica, enquanto que o Benfica andava (com acções individuais) a tentar arranjar uma solução caída do céu para tentar minimizar os estragos.

Uma vitória justa da equipa que melhor se portou tacticamente num jogo diferente de todos aqueles que terá daqui em diante, quer uma, quer outra.




Olho nos meninos

Paulo Henrique Ganso

Joga no Santos, foi descoberto por Giovani e tem 20 anos. Canhoto, joga no centro do terreno do Santos e é um dos melhores talentos a jogar no Brasil. Um pouco lento, mas com sentido colectivo irreparável, Paulo Henrique Ganso tem tudo para sair do Brasil e desenvolver-se ainda mais como jogador. O seu sentido táctico não é o melhor, necessitando de ser aperfeiçoado, mas a maneira rápida de pensar o jogo e torná-lo simples é uma mais-valia importante para a equipa. Certamente que ou até final de Agosto ou no final da época no Brasil (em Dezembro) sairá da Vila Belmiro em direcção à Europa.




Elkeson

Elkeson é outro jovem, com apenas 19 anos e já é uma das vedetas do Vitória da Bahia, recente finalista da Copa do Brasil. Joga no meio-campo, actuando como 8 ou 10, sempre com uma vontade própria de ir fazendo melhor. Cerca de 50% do passe foi adquirido pelo Benfica, sendo os outros 50 de Giuliano Bertolucci. Jogando preferencialmente no meio-campo, Elkeson costuma marcar muitos golos de fora da área ou então servir os companheiros melhor posicionados para a finalização. Para além disso, também é forte nas compensações e transições defensivas, permitindo assim à equipa não ficar desequilibrada.



quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Supertaça


Benfica e FC Porto começam no próximo sábado mais uma época de futebol em Portugal. A expectativa é grande, já que o Benfica terá o ónus de tentar repetir o título de Campeão Nacional, enquanto que o FC Porto foi alvo de uma pequena revolução, que pretende fazer com que o clube volte aos títulos.

Di Maria foi a saída que o Benfica teve de maior relevância. O argentino era o último recurso da época passada quando a equipa não funcionava colectivamente. Quando as linhas de passe estavam cortadas, a bola ia para o argentino, para que este tentasse resolver uma situação de 1x1, criando assim as linhas de passe seguintes para o seguimento do processo ofensivo. Com isso, foi eleito para a maioria das pessoas o jogador do ano. Pelos desequilíbrios, pelas fintas, pelas assistências, mas também pelos golos que marcou (algo raro até então).

Este ano, com as aquisições de Gaitán e Jara, o Benfica arranjou mais soluções atacantes e modificou, em alguns aspectos, o sistema de jogo. Não estando tão dependente de um jogador, Jorge Jesus adoptou um sistema moldado à dinâmica da equipa, onde os movimentos / compensações dos jogadores tornam a equipa mais compacta, mais rápida, mais pressionante e mais atacante. Um Benfica mais sólido a atacar como no ano passado, a jogar mais como equipa (em matéria ofensiva), mas ainda com visíveis dificuldades em termos de transições defensivas.

No FC Porto, a grande novidade é mesmo o treinador. Depois de 3 anos com Jesualdo Ferreira, o 3º lugar do ano passado fez com que Pinto da Costa optasse por um treinador jovem, sem experiência, mas com o facto de ter sido adjunto de Mourinho. Ser adjunto de Mourinho não tem mal nenhum (bem pelo contrário), mas se isso fosse verdade e desse resultados imediatos, Baltemar Brito, Rui Faria e Silvino Louro também já teriam dado excelentes treinadores.

O defeso foi animado e a contratação de João Moutinho ao Sporting foi a grande surpresa. Se o FC Porto mantiver Raúl Meireles, terá um meio-campo muito forte para poder combater e lutar pelo título. A saída de Bruno Alves será colmatada com a entrada de Rodríguez (do Sp. Braga) e não se notará muito a diferença.

Diferença só na mentalidade do treinador e na passagem da mensagem das ideias que tem para o clube e para a equipa, que está numa verdadeira renovação, apesar de manter o sistema táctico de 4-3-3, com predominância para a liberdade de Hulk, tentando aproveitar a força e a meia-distância do brasileiro. Varela está recuperado, Rodriguéz (Christian) também e por isso, a principal força motriz do ataque portista (as alas) estarão prontas para o recado.

O encontro de sábado será intenso, como qualquer derby, ainda para mais, com uma taça em disputa. Um 4-1-3-2 contra um 4-3-3 ou um duplo confronto 4-3-3?
A história terá o direito de confirmar...

sábado, 10 de julho de 2010

Campeões do Mundo?


Este Domingo, a Holanda tem a oportunidade de se tornar Campeã do Mundo. Após ter perdido as finais de 1974 e 1978, esta é a terceira hipótese que os holandeses têm na sua história para alcançar a glória. Nos seis jogos já disputados e nos quais alcançou a vitória, a Holanda não impressionou, sem ser na segunda parte contra o Brasil. Amanhã, 90 minutos separam a Holanda da sua primeira Taça de Campeão do Mundo.

O jogador que tem de ser destacado nesta equipa holandesa é Wesley Sneijder. Não jogou tudo aquilo que sabe. Teve jogos em que o seu passe e remate não foram os melhores, mas tem 5 golos e assistências para golo, sendo assim um sério candidato à Bola de Ouro do Torneio. Se isso acontecesse, era algo para nos preocuparmos. Desde que a FIFA escolhe o melhor jogador do torneio antes da final da competição, o vencedor tem sempre uma final desastrada. Nas últimas três edições, a História encarregou-se de o demonstrar. Em 1998, Ronaldo foi o escolhido e a final contra a França está marcada pelas suas convulsões e pela pálida exibição no Stade de France. Em 2002, Oliver Kahn venceu a Bola de Ouro, mas comprometeu a equipa no primeiro golo do Brasil na final da competição. Em 2006, Zidane foi o escolhido e Materazzi foi a vítima de um prémio que depois teve de ser repensado.

Voltando à Holanda, vemos que De Jong e Van der Wiel estão de volta à equipa e irão ocupar os lugares no onze. Stekelenburg, Van der Wiel, Heitinga, Mathijsen, Van Bronckhorst; Van Bommel, De Jong; Robben, Sneijder, Kuijt; Van Persie. 4-2-3-1. A 3 dias da final, já era possível preencher os nomes da Selecção Holandesa, onde apenas uma grave lesão poderá levar Van Marwijk a mudar o seu onze. E é bom não se esperarem grandes alterações durante a partida. Van Marwijk não gosta dessas mudanças, mas mesmo com esta característica foi o último treinador holandês a vencer um troféu por uma equipa holandesa: a Taça UEFA, com o Feyenoord em 2002.

Sem dúvida que em Van Bommel e em De Jong estará uma parte do sucesso da Holanda. Estarão responsáveis por pararem as investidas de Xavi e Iniesta. Não há dúvida que os espanhóis têm mais potencial do que os holandeses. Do lado holandês, apenas Sneijder e Robben são capazes de criar desequilíbrios. Kuijt fez um bom torneio, mas não desequilibra e Van Persie, apesar de ter vindo a melhorar, não tem criado valor acrescentado à Selecção. A Espanha tem Iniesta, Villa, Xavi e Pedro que fez uma meia-final impressionante contra a Alemanha.

A Espanha cria mais oportunidades do que a Holanda, mas os holandeses precisam de poucas oportunidades para marcarem um golo. É óbvio que a Espanha terá mais posse de bola e rematará mais à baliza, mas se Sneijder e companhia foram eficazes chegando até aqui, nós temos esperança de que a vitória seja possível.

A Eredivisie provou que tem matéria-prima para este Torneio. Stekelenburg tem estado extraordinário, apesar do erro contra o Uruguai. Van der Wiel e Van Bronckhorst têm estado muito sólidos nas laterais. O lateral do Ajax irá provavelmente para um grande clube, com o Manchester United e Bayern Munique muito atentos. Van Bronckhorts vai-se despedir da Selecção amanhã, de preferência com uma grande alegria.

Todos os jogadores holandeses começaram na Eredivisie e muitos estrangeiros passaram por lá também. Pensemos em Keisuke Honda (que começou no VVV Venlo, para onde poderão ir até três portugueses esta época), Sérgio Romero (AZ), Luis Suaréz e Dennis Rommedahl (Ajax), Carlos Salcido e Francisco Rodriguéz (PSV). Independentemente do que possa acontecer, este será sempre um bom torneio para o futebol holandês e para o seu campeonato. Basta olhar para jogadores que começaram as suas carreiras na Holanda (Ronaldo, Romário, Ibrahimovic, entre outros) e os jovens talentos que pensam em mudar para clubes como Ajax, PSV, Feyenoord ou Twente.

Irá Sneijder marcar outra vez? Será o primeiro holandês a ganhar tudo (Campeonato, Taça, Liga dos Campeões e Campeonato do Mundo) na mesma época? Van Persie irá finalmente brilhar na África do Sul? Será que Van Bommel e De Jong conseguirão parar os seus adversários? Stekelenburg irá recuperar psicologicamente da meia-final contra o Uruguai? Ao fim de 32 anos, a Holanda está na Final do Mundial. Uma nação inteira sustém a respiração...

por Mark van Rijswijk

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Holanda x Brasil (antevisão)


Esta sexta-feira, Holanda e Brasil defrontam-se nos quartos-de-final do Campeonato do Mundo. Na Holanda, existe muita confiança, porque até agora os holandeses venceram todos os jogos sem dificuldade. Mas a equipa tarda em impressionar e o jogo de hoje é o verdadeiro teste com um sério candidato ao ceptro mundial.

A Holanda apenas concedeu dois golos na competição, e ambos de penalty. Até agora, a defesa não foi posta muito à prova e mesmo assim, Stekelenburg é o verdadeiro sucessor de Van der Saar na baliza holandesa. Até agora, aqui ninguém se lembrou do guarda-redes do Manchester United, porque Stekelenburg tem feito boas defesas e mantido a baliza inviolável.

A defesa ainda não foi propriamente testada. Van der Wiel esteve mal contra a Eslováquia como defesa-direito. Não tem subido tanto no terreno neste Campeonato do Mundo, já que essa é uma das suas principais armas. A grande questão é saber se ele conseguirá pressionar o lado esquerdo do Brasil. Heitinga, Mathijsene Van Bronckhorst têm cometido alguns erros, mas ainda não resultaram em golos. Mas se os holandeses concederem tanto espaço e oportunidades ao Brasil como concederam à Eslováquia, haverá sérios problemas.

O melhor jogador até agora tem sido Mark Van Bommel. Tem estado excelente, e nos jogos do grupo, foi o melhor jogador da equipa. Nigel de Jong não tem feito um torneio por aí além, o que deixa os holandeses descansados. Com a sua impetuosidade, De Jong pode apanhar um cartão vermelho numa altura crítica e assim, deixá-lo de fora do Campeonato. Mas com apenas um amarelo e poucas faltas, De Jong tem sabido controlar-se.

Wesley Sneijder não tem jogado muito, mas em todos os jogos, a sua presença nota-se. Já marcou por duas vezes e teve um papel decisivo em outros golos. Kuyt também tem jogado muito bem, mas nota-se pelo cansaço que está a chegar ao limite. Rafael Van der Vaart tem estado muito mal, assim como Van Persie. O seu potencial não está a ser aproveitado e a equipa ressente-se disso. Nos amigáveis antes do Mundial, Van Persie marcou em todos eles, mas agora tudo mudou. E a recente discussão com Bert Van Marwijk não o colocou em melhores lençóis. Tem sido a grande desilusão até agora.

Sobra Arjen Robben. Não jogou muito, mas fez o suficiente: assistência contra os Camarões e golo contra a Eslováquia. Não há dúvida de que Arjen Robben é o factor mais importante no jogo contra o Brasil. E se estiver em forma, melhor, pois pode fazer a diferença. É nele que recai a esperança holandesa.

A grande dúvida para amanhã é saber se Huntelaar irá ocupar o lugar de Van Persie ou se o avançado do Arsenal ainda se mantém como titular. Mas conhecendo Van Marwijk, ele não é adepto de muitas mudanças. Van Persie deverá mesmo ser titular e os mais fortes candidatos a entrar durante a partida serão Van der Vaart, Elia, Affelay e Huntelaar (a não ser que algum jogador se lesione). Van Marwijk não é um treinador aventureiro. A Holanda não ganha prémios por ter o futebol mais bonito deste Mundial. E só terá algum crédito se os holandeses o ganharem. Caso contrário, o Mundial será recordado como uma Holanda que derrotou quatro equipas medíocres, sem jogar bem. A Holanda não ganhou nada, nem sequer respeito pelo que tem jogado. Portanto, tem ainda tudo para ganhar...

Hoop Holand

por Mark van Rijswijk

domingo, 27 de junho de 2010

Alemanha x inglaterra


Era com alguma expectativa que se esperava por este encontro entre a Alemanha e a Inglaterra, a contar para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo.

A Alemanha acabou por vencer por 4-1, mas o resultado, apesar de ser volumoso, só começou a tomar forma num mísero livre a favor dos ingleses.

A equipa alemã, que já tinha sido aqui mencionada como uma das mais fortes candidatas ao título apresentou-se com o seu onze habitual:


Football Fans Know Better

Lahm e Boateng encarregam-se das faixas laterais, ajudados por Muller e Podolski em funções defensivas. Khedira é o elemento do meio-campo que está destinado a criar desiquilíbrios com as suas investidas de apoio ao atacante. Ozil anda claramente solto pelo campo, puxando marcadores directos, para as entradas no espaço vazio de quem vem das linhas ou do centro. Tudo isto é feito com compensações defensivas que para uma equipa maioritariamente jovem é de realçar.
Joachim Low está a mostrar trabalho de casa e o grupo faz o resto. Aliás, é extraordinário pensar que Schweinsteiger é o jogador que assume a posição 6 quando a equipa ataca, trocando muitas vezes com Khedira, sendo que este último é o responsável por efectuar movimentos de ruptura que desiquilibram as equipas contrárias.
Outra das vantagens desta Alemanha é que com os jovens rápidos que tem, a sua transição defesa-ataque é muito rápida, criando assim oportunidades atrás de oportunidades, aproveitando a técnica de Muller, Podolski e Ozil.

A Inglaterra ficou refém do seu próprio esquema táctico.


Football Fans Know Better

Os laterais eram os responsáveis pelas incursões ofensivas, mas no meio-campo, na fase de construção, o jogo era muito mastigado, incorrendo muitas vezes no meio. Gerrard não é de todo, um ala e o seu movimento era sempre para terrenos parecidos com os de Lampard. A profundidade que o lado direito da Inglaterra dava ao ataque, só era compensado com Cole no lado contrário. Gareth Barry estava com a missão de defender Ozil de perto, pelo que o jogo não lhe passava muito pelos pés. Rooney era um vagabundo no ataque, mas vinha sempre à procura de bola ao meio, e com isso, afunilava o jogo e tornava-se tudo muito previsível.
Obviamente que o golo não assinalado a Inglaterra ao remate de Lampard poderia ter mudado a história do jogo, mas com isso, a Inglaterra começou a ser mais agressiva no início da segunda parte.

No entanto, num livre cobrado por Lampard com a intenção clara de remate à baliza, estão 6 jogadores ingleses dentro da área, mais Lampard e Gareth Barry que está ao lado faz 8 e ainda Glen John
son 9. Barry perde a bola e permite o contra-ataque alemão, fazendo assim o 3-1.

O vídeo em si é explícito na saída para o contra-ataque alemão, e na pouca clarividência da transição defensiva inglesa, que não conseguiu acompanhar a rapidez alemã.




Já o 4º golo alemão é igual: bola em profundidade para Ozil (muito mais rápido do que Barry) que depois serviu Muller para o encosto natural da bola à baliza.

A Inglaterra tem muito a aprender com este Mundial. Não basta ter o treinador. É necessário ter os jogadores e neste caso, falta á Inglaterra matéria-prima para o ataque. Crouch, Heskey e Defoe são bons, mas não são tão bons e o próprio sistema táctico não ajuda. Gerrard não pode jogar numa ala, porque nunca foi ensinado para isso. E Barry é claramente melhor central do que médio-defensivo. O sistema que preconizava para esta Inglaterra seria um 4-3-3 com os alas bem abertos e rápidos que a Inglaterra tem (Wright-Phillips, Lennon, o próprio Defoe faz bem os lados) e uma linha média com três médios centro com categoria como Gerrard, Cole e Lampard. Perfeitamente rotinados poderiam ser um caso sério neste Mundial. A rendição de Capello ao 4-4-2 que a Inglaterra tanto gosta não pode ser feito sem os "ovos" desejados. Assim, não há omolete que resista.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O sniper de Bratislava..ou será Nuremberga?

Róbert Vittek alcançou hoje o reconhecimento que já tinha há algum tempo na Alemanha. Já conhecia Vittek do campeonato alemão e não é surpresa para mim o que ele fez hoje à Selecção Italiana no Campeonato do Mundo.
Com uma carreira que começou no Slovan Brastislava, Vittek marcou 47 golos em 101 jogos pelo emblema da capital eslovaca até se mudar para Nuremberga, onde atingiu uma maior notoriedade, com 35 golos em 109 jogos. São menos golos, mas foram mais importantes no clube alemão do que no seu país natal.
Após 5 épocas em Nuremberga, decidiu experimentar o campeonato francês, ao serviço do Lille, mas não foi muito feliz, marcando apenas 8 golos em 38 jogos. Depois disso, foi para o Ankaragucu (5 golos em 12 jogos) , onde se mantém, uma vez que os turcos compraram o seu passe ao clube francês.
É o melhor marcador do Campeonato do Mundo, a par de Higuain, com 3 golos.

Mundial 2010 - Grupos C e D


Os grupos C e D também terminaram e o resultado é um escaldante Alemanha - Inglaterra nos oitavos de final.

GRUPO C

Esperava-se que a Inglaterra fosse capaz de levar de vencida a Eslovénia. Afinal é do mesmo continente, e a Inglaterra contra equipas do mesmo continente tem-se safado relativamente bem.

O que se viu foi uma Inglaterra com espírito de vitória e com algumas peças no lugar certo (Defoe é uma delas), fazendo com que ganhasse o jogo e se qualificasse para os oitavos.
Os EUA foram a única equipa que quis ganhar o jogo frente à Argélia e por isso mereceu a passagem. Com a vitória e com a questão dos golos, passou à frente da Inglaterra e evitou a Alemanha.

Eslovénia e Argélia mostraram alguns argumentos, mas não os suficientes para outros vôos. A Eslovénia tem um grupo de jogadores interessantes, mas que ainda não funcionam em equipa, ao passo que a Argélia mostrou muita vontade, muito querer, mas pouca cabeça.

GRUPO D:

Alemanha e Gana são os que passam. Sérvia e Austrália são os que ficam. De certa forma, foram as equipas que menos mostraram vontade de passar. Aliás, a estratégia da Austrália frente à Alemanha foi de um medo atroz que só por isso, Verbeek não merecia mais treinar o que quer que fosse.
A Alemanha mostrou mais uma vez que é uma forte candidata e que Ozil está em grande forma (não foi à toa que falámos nos dois antes do campeonato). O Gana mostrou que é, das equipas africanas, aquela que mostra um pouco mais do que as restantes. Também são muito ingénuos, muito voluntariosos, mas tem um pouco mais de arte do que as restantes equipas africanas deste Mundial.

Realmente, o Alemanha - Inglaterra será um verdadeiro teste à "Manschaft", assim como a Capello, para que este mostre do que é capaz.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Mundial 2010 - Grupos A e B


GRUPO A:
México e Uruguai são as equipas apuradas para os oitavos-de-final. Foram também as que mais fizeram por isso, apesar de na primeira jornada terem ficado um pouco aquém do que era exigido.
E passam as equipas que mais arriscaram no ataque nesta primeira fase. Nem me vou alongar muito com a Selecção Francesa que tinha jogadores para fazer um Campeonato bem interessante, mas que preferiu olhar para o seu umbigo e desencadear uma guerra de egos que só a envergonha.

O México surpreendeu logo no primeiro jogo a explanar dois sistemas de jogo: um quando ataca e outro quando defende. Quando ataca, torna-se num 3x4x3, onde Rafael Márquez assume o papel de principal municiador do ataque mexicano bem entregue a dois meninos talentosos como são Carlos Vela e Giovanni dos Santos e que tem no meio da área o experiente Guille Franco e o pequenito Hernandez (que vai para Manchester). A juntar a isto, temos Salcido e Osório, com experiência europeia e um tal de Efrain Juaréz que desempenha todas as posições do meio-campo. Quando defende, o México assume o 4x3x3, de forma a fechar as alas e a tornar-se um 4x5x1.
Oscar Tabaréz lembrou-se de que dispunha de três bons avançados e que um deles é realmente extraordinário e pode desempenhar várias funções. Vai daí, resolveu adoptar um sistema em losango 4x4x2, onde Diego Forlán assume o papel de distribuidor de jogo como nº10. Tirou o proveito disso e venceu a África do Sul e o México e ficou em primeiro lugar no grupo. Suaréz e Cavani são os restantes avançados e o grupo de jogadores do Uruguai não é nada de extraordinário, mas funciona como equipa e isso é o mais importante numa competição deste género.

GRUPO B:

Se dúvidas houvessem, Maradona e Messi conseguiram dissipá-las. Maradona como técnico oficial e Messi como melhor jogador do Mundo. O sistema de jogo é diferente do Barcelona, onde Messi não tem tanto a bola nos pés como nesta Argentina, mas mesmo assim, a sua classe e técnica dão para tudo. E quando assim é, torna-se fácil servir depois jogadores como Higuain, Tévez, Aguero e os demais que compõem a Argentina. Já aqui tinha sido falada, e agora que o Campeonato do Mundo é a sério, a Argentina vai ter a sua prova de fogo. Começa já com o México e depois pode calhar com a Alemanha. Veremos no que vai dar.

A Coreia do Sul desenvolveu-se e para melhor. Funcionando como um bloco robusto, os sul-coreanos criaram uma forma simples de atacar, para além de tirarem um bom aproveitamento nas bolas paradas. O grupo também não era muito exigente, mas mesmo assim, a Coreia conseguiu ganhar a uma ex-campeã da Europa e a um tradicional adversário africano, que depois de uma fase de qualificação meritória, não fica aquém do último lugar do grupo.

Nota final para duas equipas africanas, uma em cada grupo. A África do Sul não conseguiu usar o seu estatuto de anfitriã e ficou pelo caminho. A Nigéria, nem com os jogadores à disposição, conseguiu sair do último lugar. Quando ainda faltam os restantes jogos da terceira e última jornada de grupos, a Costa do Marfim também está em vias de deixar o Campeonato e a Argélia também. Sobra o Gana, que tem surpreendido, mas que pode também ficar pelo caminho. Seria este mesmo o Mundial de África?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O que dá jogar no ataque (África do Sul x Uruguai)

Football Fans Know Better

O Uruguai acabou de vencer a África do Sul por 3-0, no primeiro jogo da segunda jornada do Grupo A.
Optando por jogar com três avançados, onde Forlán assumiu a posição de nº10, o Uruguai de Tabarez aproveitou bem o pouco dinâmico 4-2-3-1 da África do Sul, baseada em defender e a espreitar o contra-ataque.

Um primeiro golo com alguma sorte (a bola bateu nas costas de um sul-africano), um penalty e um golo no último minuto de descontos poderão ter outro argumento, mas mesmo assim, para quem viu o jogo, o Uruguai foi mais equipa e mereceu ganhar. Apostou no ataque e foi feliz. Pode ser que a média de golos neste Mundial mude!

Holanda x Dinamarca


Os holandeses ganharam o seu primeiro jogo no Campeonato do Mundo por 2-0, frente à Dinamarca. Como sempre, as expectativas holandesas estão sempre altas. É uma boa equipa, com jogadores muito talentosos, especialmente no meio-campo e no ataque. Os jogadores defensivos são sempre questionados pelos holandeses, mas o jogo com a Dinamarca mostrou precisamente o contrário, para ser sincero. Algo contrário ao que se passou nos jogos de qualificação, a defensiva holandesa não esteve tão mal como se estava à espera.

Na Holanda, toda a gente tem a mesma opinião: temos grandes jogadores, especialmente a nível técnico e que podem fazer a diferença. Basta olhar para Sneijder, Van Persie, Van der Vaart e Robben, quatro dos mais talentosos jogadores do Campeonato. E todos parecem concordar que a defesa é o principal problema para esta equipa holandesa. É mesmo dito que a defesa não é suficiente para ser Campeã do Mundo.

Mas se olharmos para as estatísticas, estamos errados. A Holanda só sofreu dois golos na fase de qualificação. É óbvio que os adversários também não eram muito fortes, mas mesmo assim, a defesa só concedeu dois golos. Não é nada mau... E mesmo assim, a Holanda continua imbatível há 20 jogos. Não se consegue isso com uma defesa fraca. O último país a bater a Holanda foi a Austrália, a mesma equipa que acabou goleada pela Alemanha. Aliás, a Austrália foi a única equipa que conseguiu ganhar a Van Marwijk, desde que este é seleccionador.

Mas o principal é que a defesa não é assim tão má como se pensa. Stekelenburg é um valioso guarda-redes. Van der Wiel é um dos maiores talentos que existe na lateral direita de todo o Mundo. Heitinga fez uma boa época no Everton e ganhou maior maturidade enquanto central. Joris Mathijsen jogou quase todos os minutos no Hamburg: na Europa, na Bundesliga, na Taça da Alemanha e na Selecção Holandesa. Aliás, não tem perdido muitos jogos nas últimas épocas. E Van Bronckhorst não é o lateral esquerdo mais rápido do Mundo, mas tem muita experiência e jogou o 100º jogo pela Selecção frente à Dinamarca.

O jogo contra a Dinamarca não foi muito bom. Snjeider e Van Persie não foram tão influentes como deviam. Van Bommel fez um bom jogo, e na minha opinião, foi dos jogadores mais importantes da equipa. Mas a verdade simples é que o ataque holandês não esteve no seu melhor e a defesa esteve muito bem, sem erros, mantendo a baliza inviolável.

Por isso, a Holanda, já com a defesa em boa forma, apenas necessita dos avançados em grande para que o Mundial lhe corra mesmo muito bem.


por Mark van Rijswijk

Mundial 2010 - Grupo G


Portugal e Costa do Marfim defrontaram-se e acho estranho que uma selecção que não se consegue organizar ofensivamente, tenha o seu treinador na conferência de imprensa a vociferar sobre a FIFA permitir o uso de uma protecção ou ainda que diga que o adversário jogou à espera do erro. Um único pontapé, vindo da inspiração do seu melhor jogador, a embater no poste, não pode ser a melhor oportunidade que uma equipa como Portugal tem a obrigação de fazer muito melhor. Mas também quem convoca muitos defesas e médios, não pode almejar muito mais.

Brasil e Coreia do Norte mostraram ao que iam. A Coreia a defender com 9 e à espera de Jong Tae-Se e o Brasil com muito paciência e dois trincos à espera do erro ou de uma inspiração. Veio sempre a inspiração para arrumar com um adversário muito incómodo.

Mundial 2010 - Grupo F


A Itália, fiel ao seu estilo, encontrou um Paraguai bem organizado defensivamente e com isso, empatou. A falta que Pirlo faz, na organização ofensiva é notória e o jogo pelas alas só foi usada, quando em desvantagem. Veremos se os próximos jogos mostram candidato ou não.
Nova Zelândia e Eslováquia mostraram que o querer e o suor às vezes também fazem a diferença.

Mundial 2010 - Grupo E


No Grupo E, análise ao Japão - Camarões, onde uma simples oportunidade foi aproveitada por Honda (do CSKA Moscovo) para fazer o golo.
A análise ao Holanda - Dinamarca será feita pelo Mark Van Rijswijk.

Mundial 2010 - Grupo D


A Alemanha assumiu-se como verdadeira candidata. Já o tínhamos referido aqui no blog que seria uma equipa a ter em conta e provou isso diante de uma Austrália onde Per Verbeek não assumiu o seu holandês e abdicou de avançados. A Alemanha aproveitou e goleou, mostrando uma vontade e um querer típico.

Sérvia e Gana mostraram, que talvez ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o Gana é talvez a equipa africana que poderá mostrar mais do que qualquer outra.

Mundial 2010 - Grupo C


A Inglaterra também surpreendeu com o empate frente aos EUA. Surpreendeu, porque depois de se ver em vantagem e de Green ter dado um frango, Capello não conseguiu mostrar outras virtudes para levar de vencida a equipa americana. Esquema táctico muito estático, posições muito definidas e uma total ausência de criatividade fizeram desta Inglaterra uma típica "Itália", mas sem os principais executantes.

Eslovénia e Argélia deram também uma imagem pálida e tenra. Valeu o frango de Chaouchi que permitiu a Koren dar uma alegria à Eslovénia e permitir que por momentos estejam no primeiro lugar do grupo.

Mundial 2010 - Grupo B


Diego Maradona começou o Mundial com uma Argentina que, para além de jogar nitidamente com Messi e mais dez, mostrou uma segurança muito forte na troca e posse de bola, ao passo que a Nigéria, com o seu espírito muito africano mostrou mais querer do que cabeça.
A Coreia do Sul surpreendeu pela segurança defensiva e pelo rápido contra-ataque onde Park Ji-Sun e Park Chu-Young foram os melhores exemplos. A Grécia é uma verdadeira decepção. Desde Samaras a extremo-esquerdo (quando ele é ponta-de-lança) até à substituição de Karagounis ao intervalo, Rehaggel fez de tudo para que a Grécia não conseguisse ganhar o jogo.

Mundial 2010 - Grupo A


Começa hoje a segunda jornada do Grupo A do Campeonato do Mundo. Um grupo que tem as quatro equipas empatadas e que proporcionou o melhor golo até ao momento de Tshabalala.
Uma África do Sul que teve em Modise e em Khune elementos de grande valia no jogo contra o México e que jogou com um pouco de receio frente ao México. México que se desdobra em 3x4x3 quando ataca e volta ao 4x3x3 quando defende e em que Giovanni dos Santos é o melhor exemplo para ilustrar a sua vertente atacante.

No outro jogo, a França confirmou a grande decepção que é Domenech e que um sábio Platini tentou facilitar com a vergonha dos cabeças de série nos play-offs de apuramento. Sem ligação, a França, dispondo de jogadores como Gourcuff, Ribéry ou Henry não conseguiu superar uma equipa abnegada como o Uruguai, que jogando como uma verdadeira equipa conseguiu o seu ponto frente à mais poderosa equipa do grupo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

34 Jogadores da Eredivisie no Campeonato do Mundo

Neste Mundial, cerca de 34 jogadores que fizeram a Eredivisie na última época estarão no Mundial da África do Sul, que começa hoje. Alguns deles provavelmente não terão ouvido falar, mas serão jogadores que terão algum impacto neste próximo mês. Os jogadores da Selecção Holandesa serão para serem discutidos mais tarde, quando a Holanda fizer o primeiro jogo contra a Dinamarca.

O Ajax tem nove jogadores no Campeonato do Mundo, a maioria deles na equipa holandesa. O jogador a observar, é no entanto, uruguaio e dá pelo nome de Luis Suarez. Melhor marcador da Liga Holandesa e cobiçado por grandes clubes europeus, como o Manchester United. É uma das estrelas uruguaias e tendo ao lado Diego Forlán, será concerteza uma dupla que fará da equipa sul-americana uma das que mais estragos poderá provocar na África do Sul. Outro ex-jogador do Ajax que se poderá observar é Marko Pantelic, da Sérvia. Ele fez uma boa época, mas sairá do clube de Amesterdão, por causa de não ter encontrado um acordo sobre a duração do contrato. Espero ver efectivamente Pantelic e Suaréz marcarem golos!

Os campeões holandeses Twente vão ter sete jogadores na África do Sul. Atenção a Blaise N'Kufo, da Suíça, Miroslav Stoch, um extraordinário extremo emprestado pelo Chelsea e que acabou de assinar pelo Fenerbahce, podendo mesmo ser uma das grandes surpresas da equipa eslovaca e ainda Cheick Tiote, da Costa do Marfim. Bernard Parker, que jogou muito bem na Taça das Confederações do ano passado, não jogou muito esta época no Twente.

Os campeões de 2008/2009 AZ terão cinco jogadores. O que provavelmente terá maior impacto será Sérgio Romero, da Argentina. Teve uma época fantástica quando o AZ foi campeão e se a sua selecção tiver sucesso, uma transferência é sempre bem vista nos cofres do AZ, devido à sua situação financeira.

Outros jogadores a merecerem destaque são Tim Matavz, um jovem avançado esloveno que joga no Gronigen, o avançado Matthew Amoah do Gana e ainda Jon Dahl Tomasson, o avançado dinamarquês, que joga no Feyenoord. O PSV tem dois jogadores mexicanos que entram já hoje em acção: Carlos Salcido e Maza Rodriguez. Salcido não teve uma época brilhante e cometeu muitos erros defensivos nesta época que passou.

Finalmente, é um bocado estranho ver dois jogadores do Sparta no Campeonato do Mundo. Seliga e Adeleye (que foi transferido para o Mettalurg Donetsk no final da época) foram despromovidos, mas terão a chance de estarem presentes no Mundial da África do Sul.

Todos os jogadores poderão ser vistos aqui.


por Mark van Rijswijk

domingo, 6 de junho de 2010

6 Anos



Rafa Benitez saíu de comum acordo do Liverpool, após 6 épocas em Anfield Road.
Como em tudo na vida, o ciclo acabou na cidade dos Beatles e o clube mais emblemático de Liverpool não conseguiu ganhar o campeonato que lhe foge há mais de 20 anos.
Em 6 anos, Benitez conseguiu ganhar uma Liga dos Campeões, uma Supertaça Europeia, uma Taça de Inglaterra e uma Supertaça Inglesa, muito pouco para um clube como o Liverpool.
Os seus adeptos são dos mais exigentes de Inglaterra e por isso, as sucessivas campanhas na Champions League e na Liga Europa não foram suficientes para Rafa Benitez conseguir justificar o 7º lugar desta época.
Estive em Liverpool este ano e reparei que os adeptos (a maioria deles) tem uma opinião de Rafa pouco favorável. Dizem que é muito defensivo, que a equipa não joga bem e esse é um dos factores para não gostarem dele.
Preferiam um Liverpool a jogar ao ataque, independentemente do resultado, porque foi assim que conheceram e é assim que conhecem o Liverpool a jogar.
Em 6 anos, Benitez foi buscar jogadores de nomeada para o clube. Em 2004/2005 (primeira época) foi buscar Luis Garcia, Xabi Alonso, Morientes, Cissé e Pellegrini (que hoje é seu adjunto).

Em 2005/2006 Pepe Reina, Agger, Crouch e Sissoko. Em 2006/2007 Mascherano, Kuyt, Fabio Aurélio, Insúa e Bellamy. Em 2007/2008 Torres, Babel, Lucas, Voronin e Skretel. Em 2008/2009 Riera, Keane e Cavalieri. E no ano passado Aquilani, Maxi Rodriguez e Kirgyakos.
Mesmo com estas contratações, o Liverpool não conseguiu ombrear com os outros grandes ingleses.
E mesmo com isso, os problemas financeiros acumularam-se e o poder negocial foi mais reduzido para trazer jogadores de craveira internacional para ajudar ainda mais o clube a desenvolver-se.
Rafa Benitez chegou a Liverpool vindo de um Valencia campeão de Espanha. Impôs a sua filosofia, mas nunca conseguiu ter uma vitória que conquistasse o coração das gentes de Liverpool e essa vitória é a da Premier League. Quem o conseguir, ficará para sempre registado na história de Anfield e nas margens do Merseyside.




sexta-feira, 4 de junho de 2010

Olhar Africano - Selecção Alemã



Quando faltam 7 dias para começar o Mundial, deixo aqui a minha opinião sobre uma das selecções que não é muito falada, mas que poderá ser uma boa surpresa no Mundial que começa de hoje a uma semana.
A Selecção Alemã é um conjunto muito homogéneo de jogadores, que Joachim Low fez questão de convocar e até a lesão de Ballack tenha vindo a acrescentar uma dose de irreverência, juventude e improviso a uma selecção que provavelmente se iria tornar demasiado estática.

Olhando para o plantel escolhido temos o seguinte:

GUARDA-REDES: Neuer (24 anos), Wiese (28 anos) e Butt (36 anos)
DEFESAS: Aogo (23 anos), Badstuber (21 anos), Boateng (21 anos), Friedrich (31 anos), Jansen (24 anos), Lahm (26 anos), Mertesacker (25 anos) e Tasci (23 anos)
MÉDIOS: Khedira (23 anos), Kroos (20 anos), Marin (21 anos), Ozil (21 anos), Schweinsteiger (25 anos) e Trochowski (26 anos)
AVANÇADOS: Cacau (29 anos), Gomez (24 anos), Kiessling (26 anos), Klose (32 anos), Muller (20 anos) e Podolski (25 anos)

Comparativamente com outras equipas alemãs que conquistaram títulos, esta selecção tem uma média de idades de 25 anos, mas com um talento extraordinário.
A ausência de Ballack permitiu a chamada de Marko Marin. Pequeno em tamanho, mas grande em técnica, velocidade e rapidez de execução.

Olhando para o jogo que disputaram com a Hungria a 29 de Maio em Budapeste, e no qual ganharam por 3-0, os alemães apresentaram uma táctica assente num 4-1-4-1 a defender que se transformava num 4-3-3 ofensivo com Podolski e Kroos a ocuparem as alas, servindo de apoio a Klose.

No meio-campo, triângulo ofensivo, com Khedira no vértice mais recuado a apoiar Ozil e Trochowski, estes com missões mais ofensivas, no âmbito da construção de jogo.
Dois laterais que subam bem pelo flanco (neste caso Westermann - entretanto lesionado, sendo substituído naturalmente por Lahm - e Boateng - de partida para o Manchester City).

Outra das opções desta equipa alemã é a predisposição que coloca em termos colectivos. Pode ser facilmente mutável, usando os jogadores que tem. Um bom exemplo é o facto de querer colocar Podolski na frente a jogar ao lado de Klose, fazendo com que Ozil descaia para o flanco esquerdo, subindo ligeiramente Khedira para dar maior consistência ao meio-campo.

Uma das vantagens desta selecção é que a mesma é muito selectiva, ou seja, para as posições, existem sempre substitutos à altura, de maneira a que o sistema de jogo não seja muito diferenciado.
Para o lugar de Ozil há Marin, para o lugar de Kroos, há Schweinsteiger ou Muller, para o lugar de Khedira há Aogo ou Jensen.
Na defesa, Badstuber ou Tasci são perfeitamente substitutos de Friedrich ou Mertesacker.
E no ataque, Cacau, Gomez ou Kiessling fazem perfeitamente os mesmos lugares de Podolski e Klose.

Num grupo com Austrália, Sérvia e Gana, a Alemanha é claramente a favorita. Não porque é a Alemanha, mas porque colectiva e individualmente é mais forte que qualquer uma das outras selecções. E com o alinhamento da fase a eliminar, rapidamente consegue chegar aos quartos-de-final, já que se ficar em primeiro defrontará o segundo do grupo C (Inglaterra, EUA, Argélia ou Eslovénia).

Poderá não ser apelidada de candidata ao título, mas potencial e talento existe e veremos se neste Mundial não será utilizada a famosa frase: "São 11 de cada lado, e quem ganha é a Alemanha".

sábado, 29 de maio de 2010

28 de Maio

Arshavin e Farías. Dois avançados. Dois estilos diferentes. A mesma subtileza. O mesmo rendimento.



Comecemos pelo russo. Depois de épocas fantásticas passadas ao serviço do Zenit St.Petersburgo, Arshavin viu o seu futebol reconhecido por Wenger e assinou pelo Arsenal.
É daqueles jogadores que não precisa de jogar muito ou em grande intensidade, porque o seu futebol é mesmo assim, lento, mas imprevisível e é isso que o torna diferente. Para melhor.
Arshavin é capaz de marcar 4 golos em Anfield Road, frente ao Liverpool, como no jogo a seguir, não lhe apetecer jogar e mesmo assim, criar desquilíbrios para os colegas fazerem os golos. É por isso que é especial.



Ernesto Farias começou a dar nas vistas no River Plate, antes do FC Porto o trazer para a Europa. Estranhamente, e nestes últimos três anos, têm sido poucas as vezes que "El Tecla" tem jogado, mas mesmo assim, factura e bem. A sua desmarcação, aliada à presença na área tornam-no mortífero.

Não se sabe se terá possibilidades com o futuro treinador do FC Porto, mas a qualidade é inquestionável.

Este menino vai dar que falar no Mundial

sexta-feira, 28 de maio de 2010

As Assistências na Europa


O IPAM lançou um estudo há relativamente pouco tempo onde avaliou as assistências nas diferentes ligas e nos diferentes clubes, espalhados pela Europa.
Analisando quer os clubes, quer as ligas
existem razões para explicarmos alguns conceitos que estão directamente relacionados entre o número de assistências, o retorno financeiro das mesmas e o rendimento desportivo que advém desses mesmos números.

O quadro com os dez clubes com maior assistência média na Europa é o seguinte:

Olhando para o quadro, temos representantes de 5 ligas e 4 campeões (falta o Chelsea, de Inglaterra).
Das 5 ligas, o único outsider é o Benfica, que é um caso à parte num país como Portugal e como a Liga Portuguesa, como mais à frente se vai ver.
Do quadro acima, o que mais surpreende são os clubes alemães. Temos o Borussia Dortmund (5º classificado) e o Hamburgo (7º), que conseguem assistências médias superiores a 50 000 lugares nos respectivos estádios.
A Alemanha é aliás, o país mais representativo nestes dez lugares, com 4 clubes. De Espanha, chegam os dois suspeitos do costume (Barcelona e Real Madrid), em 1º e 3º lugar, respectivamente. De Inglaterra, temos o Manchester United e o Arsenal (porque detém os estádios maiores, com 75 000 e 60000 lugares respectivamente).
Aparecem depois Inter de Milão (55 149 espectadores) e Benfica a fechar o Top 10.

Olhando para a média das respectivas ligas, temos:


Com este quadro, é mais fácil de ver que os clubes da Alemanha e a Bundesliga tem um retorno financeiro baseado nas bilheteiras muito elevado, já que a maioria dos estádios está sempre lotado. O mesmo se passa em Inglaterra, só que a menor capacidade dos estádios faz com que o número seja mais baixo em comparação com a Alemanha.
Na mesma lista, notamos que Portugal continua abaixo de ligas como a escocesa, a russa, a belga e a holandesa. Porquê este afastamento e porquê a diferença abismal entre os números do Benfica e o resto das esquipas?
Talvez a televisão seja um obstáculo, mas nos outros países, à excepção da Itália (que está ultra-dependente dos valores de direitos televisivos), também têm televisão a transmitir jogos de campeonato e não deixam de ter os estádios cheios.
E também a televisão funciona quase como cá, com jogos em sinal fechado, reféns de pagamento.
A associação que se pode fazer entre as assistências e os resultados directos das equipas também tem a sua ligação. Se a equipa joga bem, os adeptos vão, mas em outros países, nota-se outro tipo de cultura, como são os exemplos do Borussia e do Hamburgo, que este ano andaram bem afastados da conquista do campeonato, mas os adeptos estiveram sempre presentes.
O estudo é de facto, interessante e deixa antever novas maneiras de observar o futebol e delinear estratégias futuras de fidelização a recintos, que têm de ter algo mais do que 4 linhas e 2 balizas.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Época 2009/2010 Holanda (Parte 2)



Segunda e última parte da época 2009/2010 do futebol holandês.





O FC Utrecht foi o o clube a assegurar o último lugar na Europa, graças aos play-offs de acesso. Têm grandes jogadores jovens como o belga Dries Mertens e o jovem internacional holandês Ricky van Wolfswinkel. O FC Utrecht está numa fase ambiciosa e pretende ser um dos 5 maiores clubes da Eredivisie. Esta época fez o seu melhor resultado, mas mesmo assim, muito distante dos grandes holandeses. Mas em Utrecht há dinheiro e estabilidade financeira e isso é raro nesta altura, na Eredivisie.


A maior surpresa da temporada veio de Almelo. O Heracles acabou em sexto, apesar de ter um dos orçamentos mais baixos da Eredivisie. O treinador Gertjan Verbeek tinha tido uma época desastrosa no Feyenoord em 2008/2009, mas consegui reabilitar-se no Heracles e na próxima época estará aos comandos do AZ Alkmaar. O Heracles merece todos os créditos que lhe quiserem dar, mas na próxima época, sem Verbeek e sem o melhor marcador Bas Dost (que irá para o Heerenveen), a repetição de uma época como a deste ano será muito difícil. A verdadeira questão é saber como Verbeek se irá safar no AZ.


O Heerenveen terá de ser a maior decepção da época. Em 2008/2009, os "Frísios" venceram a Taça da Holanda. Apenas cinco jogos no campeonato e o treinador Trond Sollied era despedido, mas os seus sucessores, Jan de Jonge e Jan Everse não tiveram sucesso e não conseguiram inverter a tendência. O Heerenveen costuma sempre jogar para os lugares europeus, mas esta época não chegaram nem perto desses mesmos lugares. O novo treinador do clube, Rob Jans (que esteve no rival FC Groningen durante 8 anos) não terá tarefa fácil para voltar a colocar o Heerenveen no lugar a que nos acostumou.

O RKC Waalwijk era o principal candidato à descida e não conseguiu surpreender ninguém. Sparta e Willem II jogaram ambos um play-off para saber quem descia e a fava calhou ao Sparta, o clube mais antigo da Holanda, que desceu pela segunda vez na sua história. Apesar dos problemas financeiros, o Willem II manteve-se na Eredivisie.

Para mim, os melhores jogadores desta época que terminou foram: Bryan Ruiz (FC Twente, avançado ou médio atacante); Douglas (FC Twente, defesa); Luís Suaréz (Ajax, avançado); Demy de Zeeuw (Ajax, médio); Ibrahim Afellay (PSV, médio); Balasz Dzsudzsak (PSV, extremo-esquerdo) e Ron Vlaar (Feyenoord, defesa). Provavelmente, serão os próximos jogadores a deixar a Holanda para irem para equipas mais competitivas.

Na Eredivisie, também jogou um português esta época. Diogo Viana foi emprestado pelo Sporting ao VVV Venlo. Não conseguiu produzir um grande impacto, apesar de ter jogado 23 jogos, sendo que só em 4 deles é que foi titular. Não marcou nenhum golo, nem fez nenhuma assistência, mas será emprestado mais uma época ao clube holandês. Seguirei-o com maior atenção e irei dando novidades no blog.

Um inesperado campeão, grandes jovens jogadores e espectaculares jogos é o que se pode resumir desta época na Holanda. Mas os problemas financeiros atingem os clubes e equipas como o Ajax e o PSV não conseguem comprar ou atrair jogadores para as suas equipas, por causa da sua falta de liquidez. Como sempre, as equipas holandesas terão de se virar para os seus escalões de formação, no sentido de desenvolver alguns jogadores para as suas equipas principais. Algo que sempre fizeram bem.

por Mark van Rijswijk

sábado, 22 de maio de 2010

Olhar Africano - Selecção Argentina


Como em tudo o que fez na vida, Maradona continua a ser polémico. Uma característica própria dos génios é a sua teimosia e Maradona parece que não a perde, mesmo sendo seleccionador da Argentina.



A lista dos 23 que já foi entregue à FIFA tem suspeitos do costume e tem falta de alguma experiência. Mas de certa forma, essa mesma experiência que falta poderá ser uma forma de Maradona ter pulso na equipa que comandará neste
Mundial da África do Sul.



A lista dos 23 convocados é:

GUARDA-REDES:
Sergio Romero (AZ Alkmaar)
Mariano Andújar (Catania)
Diego Pozo (Colon)


DEFESAS:
Otamendi (Vélez)
Demichelis (Bayern Munchen)
Walter Samuel (Inter)
Gabriel Heinze (Marselha)
Nicolás Burdisso (Inter)
Clemente Rodriguez (Estudiantes)
Ariel Garcé (Colón)


MÉDIOS:
Jonás Gutiérrez (Newcastle)
Javier Mascherano (Liverpool)
Juan Sebastián Verón (Estudiantes)
Angel Di Maria (Benfica)
Mário Bolatti (Fiorentina)
Javier Pastore (Palermo)
Maxi Rodriguez (Liverpool)


AVANÇADOS:
Lionel Messi (Barcelona)
Higuain (Real Madrid)
Sergio "Kun" Aguero (At. Madrid)
Diego Milito (Inter)
Carlos Tevez (Manchester City)
Martin Palermo (Boca Juniors)

Se em termos de posições em campo e número de jogadores chamados, existe um equilíbrio, o facto de ter chamado jogadores claramente "favoritos" em deterimento de outros é o maior problema de Maradona.
Chamou Bolatti, que na Fiorentina (desde Janeiro) fez 12 jogos na Serie A e tendo Cambiasso para a mesma posição, optou pelo ex-jogador do FC Porto, só porque o conhecia melhor na Argentina.
Chamou Palermo porque é um símbolo do Boca e Maradona é do Boca.
Talvez haja um déficit em criatividade que está sujeito a Verón e Di Maria, sobrando Pastore no banco.
Na defesa, nada de novo. Talvez a chamada de Garcé e de Clemente Rodriguez, por não serem tão conhecidos do futebol europeu provocasse alguma surpresa, mas são jogadores que sempre estiveram com Maradona nas suas chamadas e nisso não há grandes dúvidas.

O esquema que Maradona vai apresentar é um 4x4x2 clássico, com a importância de Messi ter liberdade como um segundo avançado pelo campo todo. Aposta num meio-campo de combate, onde Di Maria surge como o mais solto pela esquerda. Verón e Mascherano serão os esteios defensivos, contando sempre com o apoio do abnegado Jonás.

O lado esquerdo será talvez o mais fraco em termos de substituição. Nem Rodriguéz, nem Di Maria têm alternativas "naturais" (esquerdinos, neste caso), estando sempre dependentes de adaptações. No caso de Rodriguéz, Garcé ou Heinze. No caso de Di Maria, Jonás ou Maxi.

No ataque, o excesso de avançados poderia ter sido composto com a compensação no lado esquerdo da equipa.

O provável esquema da Argentina será este:


Num grupo com Nigéria, Coreia do Sul e Grécia, a Argentina tem a obrigação de se qualificar como primeira do grupo e depois esperar que o sorteio (ao que tudo indica) facilite a sua ida até aos quartos-de-final, pelo menos.

O talento e o génio dos jogadores estão lá. Ponha o seu treinador metade do seu génio em termos tácticos e a Argentina pode muito bem sair contente da África do Sul.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Final da Champions League, uma perspectiva holandesa

No próximo sábado, Bayern Munich e Internazionale encontram-se na final da Champions League. Uma equipa alemã e outra italiana, mas com quatro holandeses que influenciaram ambas as equipas nesta época.
Comecemos pelo Internazionale.


Wesley Sneijder foi vendido pelo Real Madrid e tornou-se num ápice no jogador mais importante na equipa de José Mourinho. Aliás, o próprio Mourinho já o disse. O treinador português mandou-lhe mensagens pessoais no sentido de o persuadir a mudar-se para Milão. Sneijder não queria ir, porque sentia que tinha lugar em Madrid, mas acabou por ir para a capital da moda italiana. E no Inter, foi crucial no sucesso do clube este ano. Um Sneijder em excelente forma faz a diferença no Inter e na Selecção Holandesa no Mundial.

Existe quase como que um paralelo com Arjen Robben. Também teve de sair de Madrid, porque o Real queria jogadores mais "valiosos" como Káká ou Cristiano Ronaldo. Assim, Robben foi eleito o melhor jogador da Bundesliga esta época. É o melhor marcador da equipa com 16 golos e foi visto muitas vezes como o factor principal para o sucesso no campeonato e na conquista da taça. E, como Sneijder, a principal questão é saber se estará em forma suficiente para o resto da época (ou pelo menos, para o que resta dela). A sua habilidade nunca foi questionada, só que os problemas físicos que teve ao longo da carreira foram demasiados.

Mark Van Bommel é o primeiro não-germânico capitão a vencer um título Alemão. Teve uma época fantásticas e jogou, provavelmente o melhor futebol da sua já longa carreira. Está com 32 anos e no seu país natal existe muita gente que pensa que ele deveria ser o capitão da Selecção Holandesa. Van Bommel teve um conflito com o anterior selccionador nacional, Van Basten e recusou-se a jogar pela Selecção, enquanto o ex-avançado do AC Milan fosse o seleccionador.
Mas agora é Bart Van Marwijk o seleccionador da selecção holandesa e Van Bommel tem razões para sorrir outra vez. Ao início, poderia-se supôr que Van Bommel tivesse um tratamento preferencial, mas agora ele é um dos indiscutíveis da selecção holandesa. Nós temos Van Persie, Robben, Sneijder, Van der Vaart, entre outros, mas Van Bommel, é na minha opinião, o jogador mais importante de todos. Ele traz muitas coisas à Selecção que outros não, como por exemplo, uma mentalidade vencedora, de nunca desistir e a de querer vencer, a qualquer custo.

O quarto holandês que terá influência no próximo sábado será Louis van Gaal. Ele terá de ser considerado um dos melhores treinadores holandeses de sempre. Na última época esteve no AZ Alkmaar e foi o primeiro treinador em 30 anos a ganhar um título holandês fora dos três "grandes" (PSV, Ajax e Feyenoord). Não há dúvidas quanto à sua capacidade, mas existem algumas quando se trata de estar em frente às câmaras. Por causa disso, ele é muitas vezes comparado com o seu oponente de sábado, José Mourinho.
Na Holanda, nem toda a gente gosta de Van Gaal e muito poucos gostam do Bayern Munchen. Mas esta época, todos os fãs de futebol holandês queriam que Van Gaal (e Robben e Van Bommel) fossem bem sucedidos. E de um moomento para o outro, o Bayern Munchen deixou de ser um clube odiado para ser um clube estimado na Holanda.

Para Robben e Sneijder será uma final especial. Ambos foram "convidados" a sair de Madrid, mas agora regressam a Madrid como finalistas da Champions League. Van Gaal é respeitado por ter ganho na primeira temporada o "doblete" (campeonato e taça) e ter atingido a final da Champions em Munique. E Van Bommel convenceu tudo e todos de que tem lugar no onze da Selecção holandesa.

No próximo sábado, provavelmente haverá mais futebolistas holandeses no relvado do que portugueses, ingleses, italianos, franceses e espanhóis. Provavelmente haverão apenas mais alemães, brasileiros e argentinos. Isto dá-nos a nós, holandeses, alguma esperança para o Mundial. Se Robben, Sneijder e Van Persie estiverem em forma e se Van Bommel atingir a mesma forma que atingiu no Bayern esta época, quem sabe se o Verão não irá dar um grande sorriso aos holandeses?
por Mark van Rijswijk