

Benfica e FC Porto disputaram a Supertaça, em Aveiro. O Benfica apresentou o mesmo esquema que lhe permitiu ganhar o campeonato o ano passado, mas com a ausência de duas pedras fundamentais: Javi Garcia e Ramires. Se a presença do espanhol permite a David Luiz a subida no terreno, para a criação de desequilíbrios e respectiva compensação, a ausência do brasileiro veio provar que a sua substituição será muito difícil de acontecer, porque as transições defensivas da equipa eram efectuadas por Carlos Martins, que não tem a mesma eficácia, nem a mesma cultura táctica.
Quanto ao resto, Coentrão conseguiu substituir Di Maria a espaços, mas as constantes trocas com César Peixoto deixaram o "caxineiro" sempre em dúvida se estaria a jogar a médio ou a defesa esquerdo.
Cardozo foi um mero espectador e Airton pareceu claramente nervoso e com medo de errar.
Já o FC Porto apresentou-se no seu sistema habitual 4-3-3, com o meio-campo bem mais criativo com a presença de João Moutinho e de Beluschi, bem coadjuvados por Varela e Fernando. Hulk e Falcao estavam entregues a missões bem mais ofensivas. Álvaro Pereira era um dos municiadores do ataque, restando a Maicon, Rolando e Sapunaru as tarefas mais defensivas, ou pelo menos, mais retraídas.
O jogo começou praticamente com o golo do FC Porto, na marcação de um canto, e com um desvio de Ruben Amorim, Rolando aproveitou para fazer o golo. Muita gente fala das mãos de Roberto, mas nenhum guarda-redes do Mundo com um adversário a 2 metros consegue ter tempo de reacção para desviar a bola. Quem nunca jogou que diga o contrário.
O Benfica (e Jorge Jesus) pecou por ter alterado o esquema com que se tinha dado tão bem na pré-época, para além do facto de termos tido um Airton muito nervoso no início do jogo, e logo ele, que ocupa uma posição fulcral para o jogo encarnado.
O FC Porto exercia uma pressão alta, e com maior criatividade no meio-campo asfixiava o Benfica, que não conseguia sair a jogar e a construir jogo, sendo que a maioria da primeira fase de construção ofensiva encarnada era feita por Luisão, através de passes longos para Saviola ou Fábio Coentrão.
A falta de Ramires sentia-se e Varela tinha liberdade para fazer o que queria de Ruben Amorim. A par da maior agressividade sobre a bola, o FC Porto encontrava sempre linhas de passe para os corredores laterais ofensivos (cobertura defensiva deficitária?) e com isso criava mais oportunidades de perigo.
O Benfica raramente saía com a bola controlada da sua grande área, devido a essa pressão imposta pelo FC Porto. Só a partir da meia-hora, se começou a ver alguma coisa do Benfica do ano passado, a explorar o espaço entre linhas, com as movimentações de Saviola, sempre na procura de espaços para as laterais (com maior predominância sobre a esquerda, aproveitando a má cobertura de Hulk e as falhas defensivas de Sapunaru).
Com o intervalo, pensava-se que alguma coisa iria mudar, mas não. Aimar continuou manietado por Fernando e Moutinho (excelente trabalho de sapa), Cardozo pouco ou nada se mexia em busca de oscilações e os passes verticais no corredor central feitos por Sidnei e Airton favoreciam o povoamento do FC Porto na zona. Aliás, era Sidnei que fazia a primeira fase de construção de jogo do Benfica, o que denota alguma falta de organização no planeamento ofensivo da equipa.
O FC Porto, sempre preocupado em ocupar espaços defensivos, e pronto a soltar o contra-ataque deu uma estocada final num 1x1 entre Varela e Luisão que Falcao aproveitou no centro da área benfiquista para o 2-0.
A entrada de Jara fez com que Saviola fosse para 10, mas as soluções que o argentino tentava encontrar, não tinham seguimento com os restantes jogadores de equipa.
Até final do jogo, o FC Porto limitou-se a gerir o espaço e a táctica, enquanto que o Benfica andava (com acções individuais) a tentar arranjar uma solução caída do céu para tentar minimizar os estragos.
Uma vitória justa da equipa que melhor se portou tacticamente num jogo diferente de todos aqueles que terá daqui em diante, quer uma, quer outra.
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