quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pequeno desabafo

Esta semana houve jornada da Liga Espanhola durante terça, quarta e hoje. Na terça jogou o Barcelona, que goleou uma Real Sociedad em poucos minutos e ontem jogou o Real Madrid em Elche, com um penalty no último minuto de descontos, no mínimo duvidoso.

A discussão que se gerou a seguir ao jogo do Real Madrid, fosse em Espanha, fosse em outro país qualquer (é preciso colocar aqui o papel importantíssimo do Real no Mundo inteiro) tem um dedo muito próprio e, curiosamente, português.

Antes de mais, considero José Mourinho um dos melhores treinadores de sempre. Revolucionou o futebol na altura em que devia ser revolucionado, usou a psicologia como ferramenta indispensável e imprescindível nos seus métodos de treino e ganhou troféus, curiosamente, os mais importantes. Pegou em equipas em crise e tornou-as vencedoras. E o Real Madrid é uma delas. A sua herança, pelos clubes que passou, foi enorme e ainda continua a ser.

Mas a passagem de Mourinho por Madrid foi um tormento. E foi um tormento, porque criou rígidas regras de relacionamento entre os jogadores do Real e a imprensa espanhola, sempre ávida por um escândalo fora dos relvados, do que dentro deles. Os jornalistas não lhe perdoaram a desfeita e de tudo fizeram para que um português se fosse embora do clube mais emblemático de Espanha.

E esses restos ainda permanecem. A discussão que se gerou ontem à noite nas redes sociais, nos jornais, nas TV's e nos restantes meios de comunicação espanhóis (mas também portugueses) são ainda os efeitos da passagem de Mourinho por Espanha, onde desenvolveu uma estratégia e um discurso típico de quem está no pobre futebol português e que espelha nos árbitros a incapacidade de vencer. Mourinho fez isso várias vezes. Teria razão? Nalguns casos, sim. Mas não era regra. E essa regra, de tanta vez referida, começou a tornar-se usual. E ainda continua.

Este discurso todo serve para enquadrar que, hoje em dia, se fala pouco de futebol em Portugal. Muita gente tem culpa, a começar por aqueles que têm o "poder" de falar sobre ele e preferem discutir mãos na área, encontrões na mesma ou uma boca de um dirigente ou uma agressão num túnel. Não se preocupam em discutir as tácticas, as soluções e opções tomadas pelos treinadores, pelos dirigentes e até pelos jogadores, porque o compadrio que grassa neste pequeno país à beira-mar plantado é tão grande, que as pessoas preferem manter-se nesta chafurdice, em vez de a melhorarem.

E depois admiram-se que haja menos gente nos estádios, que as competições sejam mal organizadas e que se falte ao respeito aos consumidores de futebol (adeptos), pensando que todos são mentecaptos e que só gostam de discutir faltas e pouco mais.

O que se passou ontem em Espanha é um dos primeiros passos para que La Liga comece a perder o esplendor em detrimento da Inglaterra ou da Alemanha. Aliás, os bons jogadores já começam a "desertar"...

Depende de todos a mudança. Seja em Espanha, aqui, ou em qualquer outro lado, onde a paixão se una à razão...