sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Os imortais

Diego Armando Maradona fez 59 anos esta semana. Palavras que se repetem no tempo e no espaço sobre a imortalidade da figura fazem com que seja dificil arranjar algo que faça a diferença.
Mas em Rosario, terra farta de talento que conseguiu albergar e criar figuras como Bielsa, Di Maria ou Messi, homenageou o Rei como tem de homenagear: com um trono!


Ninguém vai colocar em causa os conhecimentos táticos de Maradona, os quais parcos que são, não fazem nem vão fazer dele o melhor treinador do Mundo. Mas a homenagem que o Newell's lhe fez, com a colocação de um trono para ele poder ver o que o seu Gimnasia fazia em campo fica na memória e representa aquilo que a Argentina tem de melhor: a sua paixão ao jogo que faz com que o jogo seja mais do que isso mesmo, e se torne parte integrante da vida e das suas emoções.

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Em Barcelona, Rosario continua representada por aquele que pode ser o próximo a ocupar o trono. Durante a semana, e contra o Valladolid, Lionel Messi fez dois golos, uma assistência e um dos seus famosos "caños", onde toda a lógica da física é colocada em causa com as coisas que faz com a bola.


Faz tudo parecer tão fácil, que não é dificil de ver que o talento que está lá por natureza foi trabalhado apenas para nos servir e deleitar com o que faz todas as semanas. Numa era em que se prefere sempre optar pela dicotomia entre o argentino e o português, nada é comparável ao que um e outro nos oferecem semana após semana, onde o talento e o trabalho se moldam e mostram ao Mundo que ambos são compatíveis, não havendo lugar para a sorte. E estamos a falar de gente que já passou os 30 anos, aquela idade onde a maioria prefere sempre desvalorizar, porque pensa que estamos numa curva descendente de carreira.

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Não se pode esquecer que neste final do mês de Outubro, a fertilidade futebolística deu-nos outro talento que se tornou imortal. Marco Van Basten foi a antítese de que os avançados puros teriam de ser grandes e fortes para combater defesas de semelhante estrutura. Van Basten mostrou que com a sua qualidade técnica, subtileza e sagacidade, seria (como foi) dos melhores de sempre.
Relembro-me sempre do golo frente a Dassaev numa final europeia, onde a segunda versão de uma laranja mecânica tomava forma que se tornou efémera. O gesto técnico, a colocação do remate, a espontânea vontade de fazer algo diferente e único não teve ainda qualquer momento de repetição.


Toda a sua história foi um corropio de golos para todos os gostos e mais alguns e a carreira abruptamente interrompida foi um choque para quem admira o futebol e os seus intérpretes. 

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