Mark Van Risjwijk, jornalista da Eredivisie, faz a sua análise a Janko no Twente, e os motivos que levaram o avançado austríaco a sair da equipa holandesa e a ingressar no FC Porto:
" Quando o FC Twente comprou Marc Janko por um valor recorde de 7 milhões de euros, todos pensaram na Holanda que seria uma grande compra. O FC Twente tinha gasto dinheiro para substituir um dos seus melhores avançados (Blaise N'Kufo) e estava a ser considerada uma das melhores equipas da Liga Holandesa.
Mas em época e meia, Janko, para muita gente, nunca foi capaz de convencer desde a sua primeira aparição com a camisola do FC Twente. Não se percebe porquê, mas o facto é que Janko marcava golos, muitos golos. Quando olhamos para as estatísticas, elas dizem-nos o suficiente. Em 33 jogos com a camisola do FC Twente na Eredivisie, Janko marcou 24 golos.
Mas as críticas estavam sempre lá, questionando o papel de Janko no sistema de jogo do FC Twente. Mesmo marcando golos como ele sempre marcou, as pessoas continuavam a criticá-lo. Porque o FC Twente não jogava como os seus adeptos queriam. E mais importante ainda, o desenvolvimento de Luuk de Jong não estava a ser acautelado.
De Jong é avançado, tem apenas 21 anos e tem vindo a melhorar, época após época. Já se estreou na selecção nacional holandesa e já leva nesta metade da época 15 golos (Janko tinha 10 golos marcados em 11 jogos). De Jong tem de jogar como médio ofensivo, em vez de avançado, lugar esse que estava destinado a Janko. Muitas pessoas (incluíndo o próprio De Jong) não gostavam deste tipo de situação. Preferiam ver De Jong a avançado em vez de Janko (mais propício a sair do banco durante o jogo). O próprio De Jong preferia jogar a avançado em vez de médio ofensivo e a presença de Janko no 11 tornava isso mais difícil.
Por isso, muita gente pensava que Janko iria sair no final da época passada. Apesar do número de golos, na Holanda esperava-se mais do austríaco. Pensam nele apenas como um "grande finalizador" e não como aquele jogador que passa 4 defesas e o guarda-redes e ainda marca o golo. Mas é indesmentível: passem-lhe a bola dentro da área e esperem por um golo dele, quase de certeza. O FC Twente estava à espera de um bom negócio no Verão, mas isso não sucedeu.
Mas eis que chega Co Adriaanse como treinador do FC Twente para 2011/2012. Ele trabalhou com Janko no Red Bull Salzburg, quando Janko marcou 39 golos numa época. Por isso, as coisas mudaram. Adriaanse depositava imensa confiança em Janko e o austríaco ficou. Continuou a marcar golos, mas as dúvidas mantiveram-se, mantendo-se assim a maneira do FC Twente jogar e de Luuk De Jong ficar como médio ofensivo.
Mas Adriaanse foi despedido no final da primeira metade da época. Na minha opinião, a sua demissão teve a ver com alguns aspectos da situação de Janko. A direcção do FC Twente sabia o que arriscava ao contratar Adriaanse: um homem que pensa pela sua cabeça, sobre as medidas a adoptar e sobre o caminho que quer que as suas equipas tenham. Ou seja, uma estratégia atacante, mesmo se os opositores forem melhores que o FC Twente.
O jogo com o Benfica para a pré-eliminatória da Champions League custou a Adriaanse quase todo o crédito que tinha. Jogou com uma equipa muito atacante, de acordo com alguma imprensa holandesa (e também dos seus próprios jogadores!) e perdeu alguma da reputação que tinha. A administração do FC Twente não gostou e pediu ao treinador para ouvir alguns dos conselhos da sua equipa técnica.
Mesmo com o FC Twente na luta pelo título e ainda na Liga Europa, Adriaanse foi despedido e substituído por Steve McLaren. E aconteceu o mesmo com Janko, já que a direcção do FC Twente, ao ter ficado com os dois (Adriaanse e Janko) estava à espera que repetissem o mesmo êxito que tinham tido na Áustria (ou seja, que Janko não é um extraordinário jogador, mas marca golos e Adriaanse não é o melhor a ouvir o seu adjunto, mas ganha títulos e é atacante).
Assim, Adriaanse partiu e Janko foi logo a seguir. Ele marca golos, muitos mesmo. Marcou, inclusivé, o golo da final da Taça da Holanda a época passada frente ao Ajax. Mas para a maioria das pessoas na Holanda, tal não é o suficiente..."
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